Caríssimos,
de 11 até 18 de agosto estaremos vivendo a Semana Nacional da Família, evento
anualmente promovido pela Igreja, desde 1992, como resposta ao desejo de se
fazer algo concreto em defesa e promoção da família, cujos valores vêm sendo
agredidos sistematicamente em nossa sociedade.
Diante
disso, propomos com esse texto uma breve reflexão a respeito do tema:
TRABALHO,
RECURSO E DESAFIO PARA A FAMÍLIA
No
início do Gênesis, a primeira imagem do homem e da mulher retrata também a
beleza do paraíso. A terra sorri em frutos e tudo que nela existe se submete ao
poderio humano. Tudo muito belo, fácil e espontâneo no oásis de fertilidade que
é o jardim do Éden.
Porém,
logo veio o pecado, a expulsão do paraíso, a maldição de Javé sobre o solo, e
assim a necessidade do trabalho suado para cultivar a terra e dela se
alimentar. -“Você comerá seu pão com o
suor do seu rosto.”(Gn 3,19a).
Pronto;
se no início era a abundância espontânea da natureza e depois surgiu o mal e
também o trabalho; em nosso pensar simplório e equivocado, ligamos as duas
realidades - o trabalho e o mal.
Na
verdade, o trabalho não é nenhuma punição divina, ao contrário, é sim, uma
graça de Deus, que nos permite a partir do trabalho participar da sua obra.
“É MEDIANTE O TRABALHO que o homem deve buscar
o pão quotidiano e contribuir para o progresso contínuo das ciências, e
sobretudo para a incessante elevação cultural e moral da sociedade, na qual
vive em comunidade com os irmãos”. É com esta frase que o
Papa João Paulo II inicia a Carta Encíclica “Laborem Exercens”, publicada em
1981.
O
trabalho tem a inegável dimensão de realização humana, criado à imagem e
semelhança de Deus o homem assim como Deus, trabalha e descansa. O resultado do
“trabalho” de Deus é a vida plena. E
assim também, o trabalho humano deve ser gerador de vida, especialmente para a
família e para a comunidade.
Para
SOBREVIVER o homem precisa trabalhar, mas é necessário também a garantia de
condições dignas de trabalho para que se possa VIVER em plenitude à partir do
trabalho.
É
por meio de um trabalho honesto, digno e justo que a vida familiar será
edificada, permitindo a realização da vocação fundamental do ser humano – “crescer e multiplicar-se”.
Em
nosso mundo moderno, comandado pela competição e poder financeiro, vivemos
oprimidos por um paradoxo existencial, se de um lado a falta de trabalho, o
desemprego, a ociosidade nos atormentam, nos cansam e nos estressam; de outro,
o trabalho, o emprego, a ocupação cotidiana exagerada produzem também o mesmo
efeito.
A
imposição de nossa sociedade consumerista, nos leva muitas vezes a idolatrar o
trabalho, o salário, o lucro e o falso poder que com isto vem; é a insensata
necessidade do ter sufocando a simplicidade de ser. Vemos mais e mais a desagregação das famílias,
por seus membros não saberem priorizar o tempo, dedicando-se excessivamente ao
trabalho em prejuízo do convívio com a esposa ou o esposo e os filhos.
O
relacionamento vai ficando cada dia mais difícil e distante; se o diagnóstico é
até fácil, o tratamento é difìcil e complexo. Frequentemente nos vemos diante de
pais e mães que chegam cansados em casa e sequer beijam seus filhos; de outro
lado muitas vezes, encontramos jovens rebeldes, que chantageiam pais por
artigos da moda ou um luxo desnecessário. No afã cego de alcançar uma falsa e
ilusória tranquilidade, muitos colocam o trabalho como objetivo final de suas
vidas e não como a ferramenta da nossa colaboração ativa e responsável na obra
de Deus.
Para
vencer o individualismo que nos afasta do coletivo, da comunidade e da família,
é necessário uma reflexão profunda e um firme compromisso de todos, buscando reconciliar
as exigências do trabalho com as da família, tornando claro a todos que conosco
convivem, as necessidades e dificuldades do trabalho externo e promovendo
também uma redistribuição do trabalho doméstico, permitindo que todos da
família possam participar das tarefas necessárias para a manutenção e
desenvolvimento desta mesma família.
E
assim, embora sentindo o cansaço e a dor pelo esforço do trabalho executado, seremos
reconfortados com o prazer de estar partilhando o amor, consolidando nossas
relações familiares e nos mantendo próximos de Deus.
Amém!
Carlos
Alberto Rissato
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