sábado, 18 de agosto de 2012

Trabalho, Recurso e Desafio para a Família


Caríssimos, de 11 até 18 de agosto estaremos vivendo a Semana Nacional da Família, evento anualmente promovido pela Igreja, desde 1992, como resposta ao desejo de se fazer algo concreto em defesa e promoção da família, cujos valores vêm sendo agredidos sistematicamente em nossa sociedade. 

Diante disso, propomos com esse texto uma breve reflexão a respeito do tema:

TRABALHO, RECURSO E DESAFIO PARA A FAMÍLIA

No início do Gênesis, a primeira imagem do homem e da mulher retrata também a beleza do paraíso. A terra sorri em frutos e tudo que nela existe se submete ao poderio humano. Tudo muito belo, fácil e espontâneo no oásis de fertilidade que é o jardim do Éden.

Porém, logo veio o pecado, a expulsão do paraíso, a maldição de Javé sobre o solo, e assim a necessidade do trabalho suado para cultivar a terra e dela se alimentar.  -“Você comerá seu pão com o suor do seu rosto.”(Gn 3,19a).

Pronto; se no início era a abundância espontânea da natureza e depois surgiu o mal e também o trabalho; em nosso pensar simplório e equivocado, ligamos as duas realidades - o trabalho e o mal.

Na verdade, o trabalho não é nenhuma punição divina, ao contrário, é sim, uma graça de Deus, que nos permite a partir do trabalho participar da sua obra.

 “É MEDIANTE O TRABALHO que o homem deve buscar o pão quotidiano e contribuir para o progresso contínuo das ciências, e sobretudo para a incessante elevação cultural e moral da sociedade, na qual vive em comunidade com os irmãos”. É com esta frase que o Papa João Paulo II inicia a Carta Encíclica “Laborem Exercens”, publicada em 1981.

O trabalho tem a inegável dimensão de realização humana, criado à imagem e semelhança de Deus o homem assim como Deus, trabalha e descansa. O resultado do “trabalho” de Deus é a vida plena. E assim também, o trabalho humano deve ser gerador de vida, especialmente para a família e para a comunidade.

Para SOBREVIVER o homem precisa trabalhar, mas é necessário também a garantia de condições dignas de trabalho para que se possa VIVER em plenitude à partir do trabalho.
É por meio de um trabalho honesto, digno e justo que a vida familiar será edificada, permitindo a realização da vocação fundamental do ser humano – “crescer e multiplicar-se”.

Em nosso mundo moderno, comandado pela competição e poder financeiro, vivemos oprimidos por um paradoxo existencial, se de um lado a falta de trabalho, o desemprego, a ociosidade nos atormentam, nos cansam e nos estressam; de outro, o trabalho, o emprego, a ocupação cotidiana exagerada produzem também o mesmo efeito.

A imposição de nossa sociedade consumerista, nos leva muitas vezes a idolatrar o trabalho, o salário, o lucro e o falso poder que com isto vem; é a insensata necessidade do ter sufocando a simplicidade de ser.  Vemos mais e mais a desagregação das famílias, por seus membros não saberem priorizar o tempo, dedicando-se excessivamente ao trabalho em prejuízo do convívio com a esposa ou o esposo e os filhos.

O relacionamento vai ficando cada dia mais difícil e distante; se o diagnóstico é até fácil, o tratamento é difìcil e complexo. Frequentemente nos vemos diante de pais e mães que chegam cansados em casa e sequer beijam seus filhos; de outro lado muitas vezes, encontramos jovens rebeldes, que chantageiam pais por artigos da moda ou um luxo desnecessário. No afã cego de alcançar uma falsa e ilusória tranquilidade, muitos colocam o trabalho como objetivo final de suas vidas e não como a ferramenta da nossa colaboração ativa e responsável na obra de Deus.

Para vencer o individualismo que nos afasta do coletivo, da comunidade e da família, é necessário uma reflexão profunda e um firme compromisso de todos, buscando reconciliar as exigências do trabalho com as da família, tornando claro a todos que conosco convivem, as necessidades e dificuldades do trabalho externo e promovendo também uma redistribuição do trabalho doméstico, permitindo que todos da família possam participar das tarefas necessárias para a manutenção e desenvolvimento desta mesma família.

E assim, embora sentindo o cansaço e a dor pelo esforço do trabalho executado, seremos reconfortados com o prazer de estar partilhando o amor, consolidando nossas relações familiares e nos mantendo próximos de Deus.

Amém!

Carlos Alberto Rissato

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