sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Homilia Diária

E vós, quem dizeis que eu sou?
As ideias da massa sobre a verdadeira identidade de Jesus são muito dispersas. Alguns o consideram como João Batista ressuscitado, outros como Elias ou um dos profetas. É sobre isso que fala o evangelho de hoje, de Lucas 9,18-22.
Depois de ter ouvido essas ideias, Jesus se volta para os discípulos e pergunta: “mas vós, quem dizeis que eu sou?”. A resposta de Pedro é imediata e segura: “O Cristo de Deus!”.
Podemos supor que a própria condição de Pedro lhe oferecia muitas possibilidades de responder imediatamente e sem qualquer hesitação. Nós, como todos os nossos contemporâneos, não temos uma resposta tão segura ou uma convicção tão absoluta. Ao contrário, temos mais dúvidas do que respostas.
Por outro lado, na maior parte dos casos, os nossos contemporâneos não têm qualquer certeza a respeito. Perdem-se nos “ismos” de todo o mundo.
No entanto, a pergunta sobre quem é Jesus aparece todos os dias e tem ainda hoje toda a sua importância. O nosso mundo não está certamente pronto para dar uma resposta clara e exaustiva sobre Jesus. Por quê?
O ensino da filosofia das nossas escolas pode ser uma das causas. Tal ensino nos oferece instrumentos próprios para a pesquisa, mas estes se revelam ineficazes se aplicados à pessoa de Jesus.
A filosofia ensina a fazer perguntas ao infinito. No fim, ao invés de responder às dúvidas, deixa-nos mais sem respostas do que imaginamos. As dúvidas giram em torno dos valores mais antigos que pareciam imutáveis. São tantas as perguntas que se esquece da razão que as gerou e da própria finalidade da pesquisa.
O pior é que a tentativa de se chegar à verdade leva a mais dúvidas. Limitando o nosso olhar à terra e aos seus limites, nós nos descuidamos do sobrenatural, chegando mesmo a negá-lo.
Desumanizamos e, pior, tiramos a espiritualidade da vida humana. O homem de hoje tem a sensação de estar condenado a não alcançar jamais a verdade.
Para o cristão, não é assim. Ele pode sempre voltar à fonte, interrogar de novo o evangelho e a tradição da Igreja que contêm o “depósito” da fé.
As perguntas e as dúvidas não devem nos causar medo. Devemos saber procurar a verdade onde ela foi revelada.
Portanto, não corramos atrás de falsos profetas e de doutores da lei que se autoproclamam como tais.
Somente as palavras de Jesus, que são palavras de vida, podem nos oferecer as verdadeiras respostas à nossa vida. Portanto, hoje somos convidados a nos voltar para Cristo e para o seu evangelho.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Homilia Diária

Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?
O evangelho de hoje, de Lucas 9,7-9, diz que Herodes ouviu falar daquilo que Jesus fazia e procurava saber quem ele era e queria vê-lo.
Esse desejo de Herodes serve para Lucas chamar a atenção dos leitores para que estes também se perguntem: “Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?”.
No plano de Deus, a nossa salvação consiste precisamente em ver Cristo e em reconhecer que é ele quem dá sentido à nossa esperança.
O desejo de ver Cristo foi depositado por Deus no coração de cada homem. Buscando a verdade, a paz e a justiça na vida e buscando o amor recíproco, a libertação dos males que caem sobre nós, nós buscamos a nossa salvação, inclusive quando ainda não sabemos que ela se chama Jesus Cristo.
O tetrarca Herodes que busca ver Jesus é homem de cada época que, movido por uma eterna inquietude, quer ver a própria salvação, mas deve ir além, porque Herodes, mesmo ouvindo, não acolhia o que Jesus dizia.
Evidentemente, nós não podemos deixar que essa atração para Cristo seja deixada ao Deus dará. Querer ver Jesus não é, portanto, possível ao adulto descuidado ou que se deixa esconder atrás dos seus inúmeros deveres.
Na verdade, o lugar onde todos são chamados a buscá-lo e a reconhecê-lo é justamente na cruz. É assim para o centurião e para o bom ladrão.
Agostinho diz: “Eu, Senhor, te busco porque tu me buscas”. E temos isso confirmado quando Jesus diz: “quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim”.
Não percamos a oportunidade. Deixemos de lado a curiosidade e busquemos Jesus em todos os lugares. Ele quer ter um encontro de amor com todos nós.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Homilia Diária

A síntese do evangelho é o amor

O evangelho de hoje é tirado de Lucas 8,19-21.
Este evangelho fala que A mãe e os irmãos de Jesus aproximaram-se, mas não podiam chegar perto dele, por causa da multidão.
Então anunciaram a Jesus: “Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem te ver”. Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática”.
Vejamos a mensagem deste evangelho. Todo o evangelho fala do amor. O amor é um dos maiores mistérios da vida do ser humano, se não o maior. É tão indispensável que uma vida sem amor não mais uma vida.
Com sua presença nas bodas de Caná, Jesus abençoou a união de um jovem casal. Sua compaixão pelos doentes sua simpatia pelos pobres ocupam todas as páginas dos evangelhos.
O seu amor pelos homens o levou ao sacrifício supremo da obediência ao Pai. Essa obediência tem suas raízes no amor. O amor de Jesus pela sua mãe se revelou na cruz, quando, antes de morrer, a confia a João, o discípulo amado.
No evangelho de hoje, Lucas apresenta uma atitude de Jesus que parece renegar a sua mãe. Mas será que é esta a verdadeira interpretação? Não. Trata-se de outra coisa.
Na realidade a afirmação: “minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” é a síntese do amor supremo que Jesus nos ensina.
Deus é amor. Aquele que professa este amor e o coloca em prática já faz parte da grande família de Jesus, do seu Reino na terra, Reino que veio para anunciar e para construir com o seu ensinamento e com o seu exemplo.
Jesus não renega a sua família, mas a engrandece e a expande. Daqui a importância do segundo elemento da afirmação: “e a colocam em prática”, na qual se refere àqueles que traduzem a Palavra de Deus em atos, que a vivem no dia a dia, construindo dia após dia o Reino de Deus, cuja lei fundamental é o amor.
O amor não pode, então, ser um mero slogan de uma ideologia, nem uma bela teoria sem aplicação na realidade. O amor é vida. Graças ao amor a vida começa, cresce, enriquece-se e se realiza.
Vivamos o amor de Jesus em família, para que possamos nos enriquecer com o amor de Deus.

sábado, 22 de setembro de 2012

Homilia Diária

Um semeador saiu a semear
No evangelho de hoje, de Lucas 8,4-15, Jesus nos fala de um semeador que «saiu a semear» (Lc 8,5) e aquela semente era precisamente «a Palavra de Deus». Mas «crescendo ao mesmo tempo, os espinhos a sufocaram» (Lc 8,7).
Há uma grande variedade de espinhos. «Aquilo que caiu entre os espinhos são os que escutam, mas vivendo em meio às preocupações, às riquezas e aos prazeres da vida, são sufocados e não chegam a amadurecer» (Lc 8,14).
- Senhor, por acaso sou culpável de ter preocupações? Já as quisera não ter, mas vêm por todas partes! Não entendo por que hão de privar-me da sua Palavra, se não são pecado, vicio ou defeito.
- Por que esquece que Eu sou o seu Pai e deixa-se escravizar por uma manhã que não sabe se chegará!
Se vivêssemos com mais confiança na Providência divina, seguros – com uma fé firmíssima – dessa proteção diária que nunca nos falta, quantas preocupações ou aflições nos pouparíamos! Desapareceria uma quantidade de quimeras que, na boca de Jesus, são próprias dos pagãos, dos homens mundanos (cf. Lc 12,30), das pessoas que são carentes de sentido sobrenatural (…).
Eu quisera gravar a fogo na vossa mente que temos todos os motivos para andar com otimismo nesta terra, com a alma desasida de tudo de tantas coisas que parecem imprescindíveis, já que vosso Pai sabe muito bem o que necessitais! (cf. Lc 12,30), e Ele vos provê de tudo.
Disse Davi: «Depõe no Senhor os teus cuidados e, ele te susterá» (Sal 54,23). Assim fez São José quando o Senhor o provou: reflexionou, consultou, orou, tomou uma resolução e deixou tudo nas mãos de Deus. Quando veio o Anjo, não quis despertá-lo e falou em sonhos. Em fim, Eu não devo ter mais preocupações que a tua Glória…, numa palavra, teu Amor.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Homilia Diária

Ele imediatamente se levantou e seguiu Jesus

Hoje, celebramos a festa do apóstolo São Mateus. Meditamos sobre o evangelho de Mateus 9,9-13.
Jesus passa diante de uma agência da receita e chama o funcionário que lá se encontra. Este, imediatamente, deixa tudo e segue Jesus.
À refeição que Mateus oferece a Jesus, fazem-se presentes pessoas que a sociedade da época julgavam impróprias para acompanhar qualquer pessoa de bem.
Questionando indiretamente, através dos discípulos, a Jesus alguns dos figurões religiosos ouvem-no dizer diz que veio chamar os pecadores e não os justos. É na convivência com os pecadores que entendemos a misericórdia de Deus.
Olhemos para Mateus. As palavras de Jesus são de uma concisão sem igual: “segue-me!”. Mateus se apresta em responder ao chamado.
A decisão de Mateus, naquele momento, implicava abandonar tudo, em especial uma fonte de renda segura, mesmo que auferida de maneira injusta e desonrosa.
Evidentemente, Mateus compreendeu que a familiaridade com Jesus não lhe permitia continuar exercendo atividades desaprovadas por Deus. Pode-se intuir facilmente sua aplicação também para nós, hoje: nem hoje se pode admitir o apego àquilo que é incompatível com o seguimento de Jesus, como a riqueza auferida com atividades desonestas, com lucro exorbitante ou mesmo com a corrupção.
Em certa ocasião, Jesus havia dito: “se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me!”. Foi isso que Mateus fez. Levantou-se e seguiu Jesus.
Na festa de São Mateus aprendemos que o levantar-se significa desapegar de uma situação de pecado e, ao mesmo tempo, aderir a uma vida nova, reta, em comunhão com Jesus.
Agradeçamos, portanto, a Deus que passa pelas nossas vidas, convidando-nos a ser cada vez mais honestos e conscientes de nossas obrigações como cristãos e como cidadãos.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Homilia Diária

Mulher, os teus pecados estão perdoados
O evangelho de hoje é tirado de Lucas 7,36-50.
Segundo a tradição hebraica do tempo de Jesus, entrar em contato com uma mulher declaradamente pecadora ou, pior ainda, deixar-se tocar por ela, significava morrer numa impureza que não consentia mais à pessoa participar dos atos de culto sem antes ter feito uma purificação adequada.
Esta era uma das tantas prescrições marcadas por algumas orientações de certos tipos de farisaísmo.
Jesus veio para soprar naquele mundo um hálito novo que exprimisse amor, perdão e misericórdia. Ele já havia declarado o verdadeiro sentido de sua missão: “eu não vim a este mundo para julgar” e ainda mais explicitamente havia declarado: “não são os sadios que precisam de médico, mas os doentes; vim para chamar os pecadores e não os justos”.
Ao ser enviado, Jesus entrou na casa de um fariseu para uma refeição. Esta situação já devia servir de advertência para o dono da casa e todos os que ali se encontravam.
Quando, de repente, aparece uma mulher, uma pecadora, justamente aquele que o havia convidado, rumina pensamentos de crítica em relação a Jesus.
Os gestos da mulher eram mais eloquentes: entrou com um vaso de óleo perfumado. Parando aos pés de Jesus chorou sobre eles e começou a lavá-los com suas lágrimas. Depois enxugou-os com os próprios cabelos, beijou-os e derramou perfume sobre eles.
Essa sua atitude deveria suscitar admiração seja diante da mulher seja diante de Jesus. No entanto, isso não foi possível porque algo impedia aos presentes compreender as verdadeiras dimensões do amor.
Jesus que conhece os corações dá uma lição em Simão, o fariseu. Dirige-se à mulher com as seguintes palavras: “os teus pecados estão perdoados!”.
Hoje, somos convidados a realizar um verdadeiro encontro de purificação com Jesus. Ele irá entender o sentido de nossas lágrimas e irá perdoar todos os nossos pecados. Não perca esse encontro e essa oportunidade que ele está dando para você, na sua própria casa.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Homilia Diária

Não deixe que Jesus passe hoje pela sua vida e você fique indiferente
Somos teimosos. Durante toda a nossa vida, todos os dias, Deus passa por nós e nós não percebemos a sua presença.
O evangelho de hoje é tirado de Lucas 7,31-35. É um evangelho que trata sobre como os conterrâneos viam Jesus de Nazaré.
A geração de Jesus foi uma geração descrente, que viu João Batista que se alimentava de mel silvestre e gafanhoto e, no entanto, seus dizia que ele era um possuído pelo demônio. Veio Jesus, que viveu de tudo o que um bom judeu podia viver e seus contemporâneos diziam que era um comilão e um beberrão.
Alguns do seu povo não sabiam se dançavam ou se cantavam. Comportavam-se como crianças.
Se analisarmos bem, o que aconteceu no tempo de Jesus acontece também hoje em dia. Vivemos em uma época em que são cada vez mais claros os sinais do secularismo e do paganismo.
Parece que Deus desapareceu do horizonte de muitas pessoas ou que se converteu em uma realidade abstrata, etérea, fluida, diante da qual nós podemos ficar indiferentes.
Por outro, assistimos, ao mesmo tempo, a muitos sinais apontam para um despertar do sentido religioso, um redescobrimento da importância de Deus para tantas pessoas, uma exigência de espiritualidade, de superação de uma visão puramente horizontal, material, da vida humana.
Isto acontece porque o desejo de Deus está escrito no coração de cada pessoa, porque o ser humano foi criado por Deus e para Deus.
A imagem do Criador está impressa no ser do ser humano e por isso a pessoa sente a necessidade de uma luz que responda às perguntas que tem a ver com o sentido mais profunda da realidade.
As respostas, no entanto, não serão encontradas na própria pessoa ou no progresso ou na ciência empírica.
A resposta ao sentido mais profundo da pessoa pode ser encontrada em Jesus Cristo. Jesus é aquele que dá sentido à vida de qualquer ser humano.
Ele apenas espera que nosso coração volte a palpitar e reaja diante da realidade que vivemos. Se nossa fé for pequena, está na hora de fazê-la rejuvenescer. Se Jesus ainda continua pregado na cruz por nós, é tempo de aproveitar a redenção.
Não deixe que Jesus passe hoje pela sua vida e você fique indiferente.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Homilia Diária

A morte é insuportável para Deus
No evangelho de hoje, Lucas 17,11-17 fala que Jesus se dirigiu a uma cidade chamada Naim, acompanhado dos discípulos e de numerosa multidão.
Nessa localidade, Jesus se torna “o Senhor” no momento em que encontra um cortejo que se dirige ao cemitério para enterrar o filho único de uma viúva.
Na sociedade de Israel, desde os tempos de Moisés, como acontecida desde os tempos de Moisés a falta de um homem na família levava a uma série de situações de marginalização da mulher.
A morte daquele rapaz significava, portanto, a maior perda que aquela mulher poderia ter.
Jesus não poderia permitir uma perda tão significativa na vida dela, porque sua missão era mudar toda e qualquer situação social que trouxesse a marginalização. É por isso que ele se tornou senhor da história e também senhor da vida.
A morte, a derrota do ser humano, se torna insuportáveis para Deus, porque coloca não somente o ser humano em xeque, mas também o próprio Deus.
Na verdade, Deus fez o ser humano para a vida, porque ele é vida. Em Jesus Cristo, ele nos revela que a morte não somente é insuportável, mas que ele está apto a fazer surgir a vida da própria morte.
É por isso que Jesus demonstrou piedade pela viúva e por todos os que choravam a perda daquele jovem.
A piedade de Jesus não é um vago sentimento humano, mesmo que na sua natureza humana Jesus de Nazaré sofra por ver a viúva de Naim chorar a perda do próprio filho.
A piedade de Jesus é expressa no grito profundo de quem vive. Quando ouve esse grito ele se sente na necessidade de transformar em vida aquilo que o pecado do ser humano fez que se transformasse em morte.
Para Deus a morte é um sono: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!”.
Hoje, os cristãos podem contar com esse mesmo Jesus que diz essas palavras. A nossa esperança está nesta fé que faz com que Jesus seja o senhor da história e o senhor da vida. Deus é mais forte do que o mal e do que a própria morte. Ele é capaz de fazer de qualquer situação uma ressurreição.
É esta certeza que alimenta a nossa vida de cristãos.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Homilia Diária

Fé: confiança no poder de Deus
No evangelho de hoje, de Lucas 7,1-10, alguns anciãos dizem para Jesus: “O oficial merece que lhe faças este favor”. O oficial de que fala o evangelho é um centurião romano. O centurião diz: “Eu não sou digno”.
Existe uma grande diferença entre merecimento, isto é, os direitos que temos em Deus, e a pobreza expressa pelo centurião.
Qual a razão disso? Eu peço, mas não tenho resposta.
O elenco das nossas tentativas de comercializar com Deus poderia ser longo. O ser humano, diante da própria impotência e da própria miséria, dirige-se a Deus, em quem vê realizada a totalidade dos seus desejos e, em num comportamento que já contém em si uma beleza, mas também próxima do paganismo, se consola pensando que Deus nada possa fazer a não ser responder-lhe, concedendo-lhe tudo aquilo de que tenho necessidade.
Por isso, o ser humano sempre sofre a tentação de comercializar com Deus. Pensa espontaneamente que a oração faça nascer uma espécie de dever da parte de Deus.
Deus é Pai e conhece as nossas necessidades. Porque tem um coração de Pai, se compraz quando nós expressamos isso.
Mas ele espera de nós um comportamento filial, feito de confiança absoluta. Um filho espera tudo do pai. Um adolescente exige os seus direitos, um adulto reconhece a própria pobreza diante daquele de quem depende.
Essa é a nossa situação com Deus: “Eu não sou digno!”, para depois ouvir a resposta: “nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé!”.
Na verdade, a fé não é uma exigência da parte do homem diante de Deus. Ela é uma confiança no seu poder, poder que é capaz de realizar muito mais do que expressamos com nossos desejos.
A resposta de Jesus é simples e direta: “Os mensageiros voltaram para a casa do oficial e encontraram o empregado em perfeita saúde”.

sábado, 15 de setembro de 2012

Homilia Diária

Filho, eis a tua mãe
No evangelho de hoje, de João 19,25-27, a protagonista é Maria, a mãe de Jesus. Nesta passagem se baseia a maternidade espiritual de Maria.
Jesus nos revela algo importante: a sua hora chegou e, com ela, a de sua mãe, que se converte em mulher.
Ela simboliza a Igreja. O discípulo amado simboliza todos os crentes. Daí que o discípulo amado recebe a mãe de Jesus como sua, como algo que lhe pertence e à qual não pode renunciar.
É próprio do discípulo a fé. O discípulo que Jesus amava cumpre com a ordem recebida aos pés da cruz ao aceitar a mãe de Jesus como mãe.
Junto da cruz de Jesus, Maria, que não é chamada por seu nome, tem uma dupla dimensão. Primeiro ela é a mãe de Jesus. É por isso que todo o mundo lhe devota carinho, respeito e veneração.
Em segundo lugar, ela é o símbolo da Igreja que está nascendo naquele momento. É por isso que todo crente deve receber Maria como algo próprio e irrenunciável.
Maria é nosso exemplo na fé porque é mulher que crê. Ela soube edificar sua vida sobre a rocha, porque ouviu sua Palavra e a pôs em prática, e confiou plenamente em Deus.
Como nos diz o evangelho de Lucas, ela cumpriu fielmente a missão recebida de Deus até as últimas consequências. Ela é o exemplo que devemos imitar porque mesmo sendo mulher das dores e dos sofrimentos é também uma mulher forte e firme na fé.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Homilia Diária

A cruz: amor que salva!
Hoje, celebramos a festa da exaltação da Santa Cruz, símbolo do cristão. Meditamos sobre o evangelho de João 3,13-17. Jesus realiza um diálogo com Nicodemos sobre a sua missão como enviado do Pai.
Deus se mostrou verdadeiramente, tornou-se acessível, amou tanto o mundo que deu a ele o seu Filho unigênito, a fim de que todo aquele que nele crer não se perca, mas tenha a vida eterna.
E no supremo ato de amor da cruz, levantando-se do abismo da morte, venceu a morte, resuscitou e abriu para nós as portas da eternidade.
Cristo nos sustenta através da noite da morte cortado pelo abismo. Ele é o Bom Pastor. Guiados por ele nós podemos confiar sem temor, já que ele conhece bem o caminho e já atravessou a própria escuridão.
Ele nos convida, mais uma vez,  a renovar com mais vigor e força a nossa fé na vida eterna, isto é, a viver com esta grande esperança e a dar testemunho dela no mundo: depois deste mundo não está o nada, mas Deus e, com ele, nós!
E precisamente, a fé na vida eterna dá ao cristão a medida de um amor mais intenso nesta terra, impele-o a trabalhar para construir um futuro e para lhe dar uma esperança verdadeira.
Olhar para a cruz, portanto, não significa olhar para o sofrimento e para a dor, mas olhar para a nossa própria salvação e a esperança que está depositada no ato salvador de Jesus.
Deixe-se atrair por Jesus. Ele não tem um plano de julgamento do mundo, mas de amor que salva.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Homilia Diária


A autêntica situação do crente no mundo

O discurso das bem-aventuranças proposto por Lucas encontra sua ressonância no evangelho de hoje, de Lucas 6,27-38.
Jesus diz: “A vós que me escutais, eu digo:  Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam”. E acrescenta que isso é para nos diferenciar de alguns homens e mulheres do seu tempo.
Mas o evangelho de hoje expressa a autêntica situação do crente no mundo, tal como Paulo descreveu várias vezes à luz da experiência de sua vida e de seu sofrimento como apóstolo: “tidos como impostores e, no entanto, dizendo a verdade; como desconhecidos e, no entanto, sendo bem conhecidos; como agonizantes e, no entanto, bem vivos; como castigados, mas não sendo mortos; como sendo tristes e, no entanto, estando sempre alegres; como indigentes e, no entanto, enriquecendo a muitos; como não tendo nada e, no entanto, possuindo tudo”.
De fato o cristão é testado de todos os lados, mas não se entrega. Somos obrigados a tantas coisas, mas não nos desesperamos. Podem nos colocar de lado, mas não nos sentimos abandonados. Podem nos derrubar, mas não conseguem impedir que nos levantemos novamente.
As bem-aventuranças do evangelho de Lucas são uma verdadeira obra de consolação. Porém, o cristão tem uma grande responsabilidade, segundo Jesus.
O cristão deve se adiantar no fazer o bem, para despertar no coração dos outros sentimentos de perdão, de entrega, de generosidade, de paz e de alegria.
Esta é a maneira que o cristão pode usar para que se possa formar aqui na terra a família dos filhos de Deus.
Em última análise, o cristão, mostrando ao mundo o desejo universal de paz e de amor, experimenta uma alegria sem limites. É no dia a dia que experimenta a própria cruz de Cristo. É no dia a dia que experimenta a ressurreição.
É assim que poderemos fazer a diferença no mundo: transformando o jeito de viver dos cristãos em alternativa a uma sociedade violenta, baseada na vingança e no proveito sobre os outros.
No lugar da violência o cristão vive o perdão, no lugar da vingança, o cristão propõe a partilha e a solidariedade. Comecemos isso pela nossa família.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Homilia Diária

Subamos com Jesus à montanha
No evangelho de hoje, de Lucas 6,12-19, nós vamos com Jesus a uma montanha.
Lucas testemunha que ele subiu ao monte e rezou durante toda a noite. Depois que desceu do monte, do meio da multidão ele escolheu os doze que se tornariam apóstolos, ou seja, os que seriam enviados como testemunhas, com a missão de proclamar o Reino de Deus e ser testemunhas da vida, da morte e da ressurreição de Jesus.
O que Jesus haveria de pedir a Deus, ele que era Filho de Deus, o Filho do homem, senhor do sábado e que podia perdoar os pecados? Será que ele tinha medo de errar na escolha dos apóstolos, prevista para o dia seguinte? Devia pedir conselhos ao seu Pai?
Nessas perguntas nós apenas projetamos a fraqueza da nossa oração.
O certo é que Jesus está num momento importante de sua missão. Ao escolher os discípulos, ele estava escolhendo os fundamentos da sua Igreja.
É por isso que na sua oração Jesus realiza uma comunhão com o Pai e sua oração se transforma em contemplação do próprio desejo de Deus em relação à humanidade.
Com este evangelho, Jesus está nos convidando a realizar todas as nossas escolhas fortificados por uma relação filial com Deus. Quando lidamos com as pessoas, nunca sabemos antecipadamente se os nossos anseios são os mesmos anseios que elas têm. Por isso, é preciso rezar para descobrir o que Deus colocou no coração de cada um, de tal forma que o bem que vier dos nossos projetos seja em benefício de toda a humanidade.
Foi isso o que aconteceu com os apóstolos. Eles não só seguiram Jesus, mas plantaram a semente do evangelho no mundo. Nós também somos convidados a fazer o mesmo, porque Jesus está em nossas casas, escolhendo-nos para sermos os seus discípulos hoje.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Homilia Diária

O que é permitido fazer no dia de sábado?
O evangelho de hoje, de Lucas 6,6-11, fala de Jesus curando um homem de uma paralisia que o tinha deixado com a mão seca.
Jesus realizou este milagre num dia de sábado. Por isso, foi criticado por alguns mestres da lei e alguns fariseus que se faziam presentes naquele sábado, na sinagoga.
Isso motivou Jesus a questionar os presentes sobre o que é permitido fazer num dia de sábado: “Eu vos pergunto: O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?”.
Então, ele pediu ao homem que estendesse a mão e o curou. Seus adversários se questionavam sobre o que fazer para parar o que Jesus realizava.
Reflitamos um pouco sobre este evangelho. Que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado não é apenas uma expressão de uma cultura moderno-liberal, como poderíamos pensar, à primeira vista.
Segundo Jesus, segundo o critério de Jesus, o ser humano é livre e sabe usar retamente o sábado como dia da liberdade a partir de Deus e para Deus.
O Filho do Homem é senhor do sábado. Nessa afirmação se aprecia toda a grandeza de Jesus que reivindica interpretar a lei com plena autoridade porque ele mesmo é a palavra que vem de Deus.
Também podemos ver que tipo de liberdade corresponde ao homem em geral: uma liberdade que nada tem a ver com a simples arbitrariedade. Nas palavras sobre o sábado é importante a união entre o homem e Jesus. Assim, veremos que o sábado se converte em expressão da dignidade de Jesus.
Em última análise, na discussão sobre o sábado está em questão a própria dignidade do ser humano. O ser humano é sempre mais digno quando vive todos os dias tendo Deus como senhor de sua história. É nessa história que Jesus nos cura de nossas paralisias espirituais que impedem a realização de qualquer milagre em nosso favor.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Homilia Diária

Pela justiça e pela caridade alcançamos a salvação
O evangelho de hoje é tirado de Lucas 5,33-39. A pergunta do evangelho é esta: por que os discípulos dos fariseus e de João jejuam e os discípulos de Jesus não?
A Igreja ensina que a prática fiel do jejum contribui para dar unidade à pessoa, corpo e alma, ajudando-a a evitar o pecado e a aumentar a intimidade com Deus.
Privar-se do alimento material que nutre o corpo facilita uma disposição interior para escutar Jesus e para se alimentar de sua palavra de salvação.
Com o jejum e a oração permitimos ao Senhor que venha saciar a fome mais profunda que experimentamos no íntimo do nosso coração: a fome e a sede de Deus.
Ao mesmo tempo, o jejum nos ajuda a tomar consciência da situação em que muitos de nossos irmãos estão vivendo.
Em sua primeira carta, São João nos alerta: “se alguém que possui bens do mundo vê o seu irmão que está passando fome e nada faz, como pode permanecer no amor de Deus?”.
Jejuar por vontade própria nos ajuda a cultivar a doação do bom samaritano que se inclina para socorrer o irmão que sofre. Ao escolher livremente a privação de algo para ajudar o próximo, demonstramos concretamente que o próximo que passa por necessidades não é um estranho para nós.
Que hoje nós sintamos a alegria de estar com Jesus por termos praticado a caridade. Pode ser que não precisemos dar o pão material a ninguém, mas talvez precisemos dar o pão da justiça para todos. Justiça e caridade são práticas que enchem os olhos de Jesus quando tiver que nos defender diante do Pai que está nos céus.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Homilia Diária

Na vocação de Pedro, nós vemos também a nossa vocação
No evangelho de hoje Lucas 5,1-11 faz um relato da vocação de Pedro e dos seus companheiros de trabalho, Tiago e João.
Porém, quando vemos Jesus subir na barca de Pedro para ensinar, quando assistimos Pedro se colocando diante de Jesus com humildade para obedecer à sua ordem de avançar para águas mais profundas e ali lançar as redes, nós também vemos o reflexo da vocação de todo servidor de Jesus, mesmo que para cada um Jesus faça um tipo especial de chamado.
A reação de Pedro foi de assombro depois de ter lançado as rede no lugar indicado por Jesus e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes quase se romperam, após ter passado uma noite inteira sem nada pescar.  Assim que percebeu que se encontrava diante de alguém muito maior que ele, diante de alguém que superava o humano, ele se atirou aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!”.
Todo seguidor de Jesus passou por uma experiência parecida. Cada pessoa, padre, catequista, ministros da eucaristia, descobriu, depois de uma pesca milagrosa, depois de um encontro especial com Jesus, que Jesus não era somente homem, mas é também Deus, e ficou deslumbrado e tocado por suas palavras, por sua vida, por suas promessas, por sua pessoa.
E quando ouve o seu convite: “se queres, podes me seguir”, fazem o mesmo que Simão, Tiago e João: “levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus”.
Jesus já está na vida do cristão, mas quer nos levar para águas mais profundas, para nos dar provas de que podemos ser mais atuantes na vida da comunidade. Não deixe que o convite que ele faz se perca no vazio de tantas ações que não edificam a alma.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Homilia Diária

O poder de Jesus diante do demônio é grandioso
O evangelho de hoje é tirado de Lucas 4,31-37. Jesus está ensinando na sinagoga de Nazaré. De repente um homem possuído por um demônio pergunta se Jesus veio para destruir a ação do demônio.
Jesus, então, manda que ele se cale e deixe o corpo do homem. O povo fica admirado com o poder da palavra de Jesus.
No início do quarto capítulo do seu evangelho, Lucas conta como Jesus entra na sinagoga e lê o texto de Isaías: “os cegos veem, os coxos andam. É anunciada a boa nova ao povo”.
Os parentes e também os conhecidos que moravam na cidade de Nazaré não aceitam o jeito de Jesus falar. Até se perguntam: o que este pode nos ensinar? Ele é um de nós!
No evangelho de hoje, assistimos Jesus falando com autoridade, não como alguns escribas que tinham que ensinar o que tinham aprendido. Jesus fala com a autoridade que provém do seu próprio ser de Verbo encarnado: “ouvistes o que foi dito, eu, porém, vos digo”, e referenda a sua palavra com milagres beneficiando os enfermos e exorcizando os endemoninhados.
Ainda hoje, o espírito maligno não deixa o homem viver em paz, e ele, o Deus da paz, vem devolver a paz. E faz isso instando ao espírito do mal que deixe livre o homem.
O poder de Cristo diante do demônio é grandioso. O demônio derruba o endemoninhado, porém não consegue causar-lhe mal, porque Jesus tem mais poder e o manifesta causando admiração naqueles que estão presentes na sinagoga: “que poder é este que até os demônios obedecem?”.
Este evangelho nos ensina que a Palavra de Deus tem força libertadora e salvadora. Que Jesus hoje entre na casa de cada de um de nós, libertando-a do poder do mal e devolvendo a paz a todos.
Jesus tem autoridade suficiente para nos libertar do mal, mas o que ele quer é que todos tenhamos paz para trabalhar e viver em harmonia em nossa família.