No
latim, língua oficial da Igreja, o substantivo omnibus dá origem a palavra portuguesa
ônibus, que se traduz como: para todos. O Papa Francisco, como qualquer
purpurado que se preze, fala latim e sabe disso. O povo, por sua vez, não fala
latim, mas sabe bem o que é um ônibus. No entanto, o dado que tem impressionado
o mundo é que este Papa faz o comum a um Papa, fala latim, mas também faz o
comum ao povo, anda de ônibus, com o seu verdadeiro significado: para todos,
inclusive para o Papa.
O
Francisco dos ônibus agora se vê na barca. Ele enfrentará o desafio de conduzir
a embarcação de Pedro que sofre com mar revolto. Talvez a experiência com os
ônibus possa ajudar na configuração de uma barca para todos, de fato católica,
portanto, universal, sem acepção.
Há,
inclusive, uma máxima pastoral que diz: “é melhor errar com o povo de que
acertar sem ele.” De nada vale uma Igreja perfeita, sem o povo, uma cúpula
ilibada, mas que, no fundo, não representa ninguém. O Papa já deixou claro que
não quer descer do ônibus, mas também não quer que o povo desça. “E agora
comecemos este caminho, bispo e povo (…) um caminho de fraternidade, de amor,
de confiança entre nós.”
Como
mais um passageiro, arrisco pedir ao Papa: Francisco, restaure a Igreja, mas vá
de ônibus, com o povo. Não pare para discutir caprichos do cenário tais como:
De quem pode mais? Quem cresce mais? Quem perde mais? Pare o ônibus única e
exclusivamente para recolher aqueles que não podem comprar passagem.
Com
todos os limites da comparação, arrisco dizer que a receita para a Igreja é,
justamente, um Papa que vá de ônibus.
Francisco,
bom trabalho, vá com Deus, mas vá de ônibus!
Frei
Renato Pezenti, OFM