sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Para que existe a Igreja?



Em nossa realidade atual, onde tudo é imediato e superficial, o importante é ter respostas mesmo sem saber direito o que foi perguntado; a ânsia de se ter solução para tudo, somada ao senso comum nos leva normalmente a respostas que despercebidamente nos desviam da Verdade, tornando-se a nossa “verdade”; e a repetição acaba por fazer com outros também acreditem ser aquela a resposta correta.
A pergunta inicial abriu um dos últimos encontros com meu grupo de catequese para crisma e nosso objetivo tanto lá como aqui, não é dar a resposta, mas provocar a reflexão e a partir desta reflexão permitir-nos um olhar mais profundo sobre nossa Igreja.

A Bíblia nos apresenta dois grandes blocos de textos sagrados, o Antigo e o Novo Testamento; no Antigo percorremos a história da salvação, no Novo, os Evangelhos nos apresentam o caminho de Jesus e em seguida o livro Atos dos Apóstolos nos conduz pelo caminho da Igreja, a Igreja primitiva, a Igreja do início, a Igreja de Jesus.
Muitas “pistas” de como é essa Igreja que Jesus apresenta e entrega aos cuidados dos primeiros cristãos podemos encontrar nos Evangelhos, e em Atos dos Apóstolos 2,42-47 podemos enxerga-la:
 “42Eles eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações.          43Apossava-se de todos o temor, e pelos apóstolos realizavam-se numerosos prodígios e sinais. 44Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e possuíam tudo em comum; 45vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um.    46Perseverantes e bem unidos, frequentavam diariamente o templo, partiam o pão pelas casas e tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração.  47Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo. E, cada dia, o Senhor acrescentava a seu número mais pessoas que seriam salvas.”
Esta é a Igreja que Jesus Cristo nos deixou, Igreja unida, vivendo em oração, segundo o Evangelho, na paz, no amor e na graça, sempre em comunhão (a palavra chave no livro dos Atos dos Apóstolos é “todos”).
A partir dessa visão da Igreja podemos dizer que ser cristão é fundamentalmente relacionar-se com Jesus Cristo; desta forma, vamos além da visão dogmática/apologética de acreditar em Jesus Cristo e estabelecemos uma relação testemunhal de amor e serviço para com Jesus.
O diferencial para o verdadeiro cristão não esta naquilo em que acreditamos, mas sim na forma como vivemos o que acreditamos; só assim podemos ser Igreja em comunhão com Cristo. Vale aqui relembrar Paulo quando fala às igrejas da Galácia: “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim.” (Gl 2,20)
Quando começamos a perceber que a Igreja não é a salvação, mas o instrumento da missão de Deus, quando entendemos que Jesus não é simplesmente o salvador e sim o SENHOR, e em Ele sendo o Senhor, ser cristão implica necessariamente em ser discípulo, em se entregar definitivamente aos cuidados do Senhor, viver verdadeiramente como Ele determina; é só então que passamos a viver a Igreja missionária, Igreja que Jesus nos entregou. E mais ainda, o local dessa Igreja é o local do serviço; é “a toalha e a bacia”, e não as construções físicas; é a comunhão e a partilha e não a esmola; é a entrega total e incondicional.
Se as palavras são fáceis de serem ditas, vive-las é bem mais difícil, talvez uma boa maneira de nos aproximarmos desta Igreja vivencial é refletir um pouco e tentar responder a questão - Porque nossa igreja nem sempre é como a Igreja de Atos dos Apóstolos?
Fiquemos com Deus.

Carlos Alberto Rissato



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