Em
nossa realidade atual, onde tudo é imediato e superficial, o importante é ter
respostas mesmo sem saber direito o que foi perguntado; a ânsia de se ter
solução para tudo, somada ao senso comum nos leva normalmente a respostas que despercebidamente
nos desviam da Verdade, tornando-se a nossa “verdade”; e a repetição acaba por
fazer com outros também acreditem ser aquela a resposta correta.
A pergunta
inicial abriu um dos últimos encontros com meu grupo de catequese para crisma e
nosso objetivo tanto lá como aqui, não é dar a resposta, mas provocar a
reflexão e a partir desta reflexão permitir-nos um olhar mais profundo sobre
nossa Igreja.
A
Bíblia nos apresenta dois grandes blocos de textos sagrados, o Antigo e o Novo
Testamento; no Antigo percorremos a história da salvação, no Novo, os
Evangelhos nos apresentam o caminho de Jesus e em seguida o livro Atos dos
Apóstolos nos conduz pelo caminho da Igreja, a Igreja primitiva, a Igreja do
início, a Igreja de Jesus.
Muitas
“pistas” de como é essa Igreja que Jesus apresenta e entrega aos cuidados dos
primeiros cristãos podemos encontrar nos Evangelhos, e em Atos dos Apóstolos
2,42-47 podemos enxerga-la:
“42Eles eram perseverantes em ouvir
o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas
orações. 43Apossava-se
de todos o temor, e pelos apóstolos realizavam-se numerosos prodígios e sinais.
44Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e possuíam tudo em
comum; 45vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o
dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um. 46Perseverantes e bem unidos, frequentavam diariamente
o templo, partiam o pão pelas casas e tomavam a refeição com alegria e
simplicidade de coração. 47Louvavam
a Deus e eram estimados por todo o povo. E, cada dia, o Senhor acrescentava a
seu número mais pessoas que seriam salvas.”
Esta
é a Igreja que Jesus Cristo nos deixou, Igreja unida, vivendo em oração,
segundo o Evangelho, na paz, no amor e na graça, sempre em comunhão (a palavra
chave no livro dos Atos dos Apóstolos é “todos”).
A
partir dessa visão da Igreja podemos dizer que ser cristão é fundamentalmente
relacionar-se com Jesus Cristo; desta forma, vamos além da visão
dogmática/apologética de acreditar em Jesus Cristo e estabelecemos uma relação
testemunhal de amor e serviço para com Jesus.
O
diferencial para o verdadeiro cristão não esta naquilo em que acreditamos, mas
sim na forma como vivemos o que acreditamos; só assim podemos ser Igreja em
comunhão com Cristo. Vale aqui relembrar Paulo quando fala às igrejas da Galácia:
“Eu vivo, mas já não sou eu que vivo,
pois é Cristo que vive em mim.” (Gl 2,20)
Quando
começamos a perceber que a Igreja não é a salvação, mas o instrumento da missão
de Deus, quando entendemos que Jesus não é simplesmente o salvador e sim o
SENHOR, e em Ele sendo o Senhor, ser cristão implica necessariamente em ser
discípulo, em se entregar definitivamente aos cuidados do Senhor, viver
verdadeiramente como Ele determina; é só então que passamos a viver a Igreja
missionária, Igreja que Jesus nos entregou. E mais ainda, o local dessa Igreja
é o local do serviço; é “a toalha e a
bacia”, e não as construções físicas; é a comunhão e a partilha e não a
esmola; é a entrega total e incondicional.
Se
as palavras são fáceis de serem ditas, vive-las é bem mais difícil, talvez uma
boa maneira de nos aproximarmos desta Igreja vivencial é refletir um pouco e
tentar responder a questão - Porque
nossa igreja nem sempre é como a Igreja de Atos dos Apóstolos?
Fiquemos
com Deus.
Carlos
Alberto Rissato
Nenhum comentário:
Postar um comentário