No dia 29 de junho a Igreja católica celebra a
Solenidade de São Pedro e São Paulo (o Brasil celebra no domingo seguinte); no
Vaticano sua santidade o Papa Bento XVI, como acontece desde 1984, procede
também a entrega do Pálio aos novos arcebispos metropolitas.
O Pálio é um ornamento de lã branca com seis cruzes
negras, que é colocado sobre os ombros e tem duas faixas que caem uma sobre o
peito e outra às costas. Usam-no o Papa (o seu tem as cruzes vermelhas) e os
arcebispos metropolitanos (as cruzes são pretas). É um símbolo de autoridade e
manifesta a estreita união com o romano pontífice. Os pálios são confeccionados
com a lã dos cordeiros abençoados pelo Papa na festa de Santa Inês.
Todos os anos, no dia 21 de janeiro, memória
litúrgica de Santa Inês, virgem e mártir, o Papa abençoa diversos cordeiros
(símbolo da santa), cuja lã será utilizada para confeccionar os pálios. É uma
antiqüíssima tradição que recorda à santa martirizada no ano 350 d.C. e
enterrada na basílica que leva seu nome na Via Nomentana de Roma. Os monges
cistercienses trapistas da Abadia das Três Fontes criam os cordeiros e os
pálios da lã recém rasqueada são tecidos pelas monjas de Santa Cecília.
O pálio é o “distintivo litúrgico”, típico do Sumo
Pontífice, e pode ser visto com muita frequência em fotos, gravuras e
representações dos papas. Indica o cargo e a atividade de ser pastor do rebanho
que lhe foi confiado por Cristo.
Nos primeiros séculos os Papas usavam uma verdadeira
pele de cordeiro apoiada sobre os ombros. Depois, passou a ser costume uma
estola de lã branca, tecida com lã pura de cordeiros. A estola tinha algumas
cruzes, que nos primeiros séculos podiam tanto ser pretas como vermelhas. Já no
IV século o pálio tornou-se um distintivo litúrgico próprio e típico do Papa. A
entrega do pálio por parte do Papa aos Arcebispos metropolitas teve início no
século VI.
O pálio é assim o símbolo não só da jurisdição
papal, mas também o sinal explícito e fraterno da partilha desta jurisdição com
os Arcebispos metropolitas, e mediante eles com os demais Bispos. Portanto ele
é sinal visível da colegialidade e da subsidiariedade, ou seja, todos os nossos
pastores (bispos da Igreja) confirmam e vivem a comunhão com o Papa (sucessor
de São Pedro), a fidelidade à Igreja e à fé apostólica.
O pálio também torna-se sinal do encargo pastoral
entregue aos bispos; Jesus Cristo associa a si, neste suave jugo, os pastores
postos à frente de cada uma das Igrejas particulares. É um "peso de
amor", também dito "ofício de caridade" (amoris officium), que os bispos devem exercer em nome de Cristo.
Ele, de fato, é o verdadeiro pastor do rebanho, que é seu; e aqueles que se
aproximam das ovelhas serão reconhecidos como legítimos na medida em que se
apresentarem em nome dele, e não em nome próprio, e com os sentimentos dele em
relação ao rebanho.
Enfim, o pálio é sinal distintivo da
responsabilidade própria do arcebispo metropolita no âmbito de sua província
eclesiástica, na qual ele poderá usá-lo durante as celebrações da Liturgia. De
fato, o Direito da Igreja reserva algumas funções próprias ao arcebispo
metropolita, em função da unidade da fé e da viabilização da disciplina
eclesiástica.
Encerro este texto relembrando as palavras de Bento
XVI no ano de 2007, quando ao final da celebração solene, convidou todos à
oração para que, pela intercessão dos santos Pedro e Paulo, a Igreja seja una
na profissão da mesma fé, santa pela vida dos seus filhos, católica pela
acolhida desta fé por todos os povos e apostólica pela sua íntegra fidelidade
ao fundamento posto pelo Senhor, a fim de que o mundo creia em Jesus Cristo.
Amém!
Carlos Rissato
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