sábado, 30 de junho de 2012

O Pálio de nossos Pastores


No dia 29 de junho a Igreja católica celebra a Solenidade de São Pedro e São Paulo (o Brasil celebra no domingo seguinte); no Vaticano sua santidade o Papa Bento XVI, como acontece desde 1984, procede também a entrega do Pálio aos novos arcebispos metropolitas.

O Pálio é um ornamento de lã branca com seis cruzes negras, que é colocado sobre os ombros e tem duas faixas que caem uma sobre o peito e outra às costas. Usam-no o Papa (o seu tem as cruzes vermelhas) e os arcebispos metropolitanos (as cruzes são pretas). É um símbolo de autoridade e manifesta a estreita união com o romano pontífice. Os pálios são confeccionados com a lã dos cordeiros abençoados pelo Papa na festa de Santa Inês.


Todos os anos, no dia 21 de janeiro, memória litúrgica de Santa Inês, virgem e mártir, o Papa abençoa diversos cordeiros (símbolo da santa), cuja lã será utilizada para confeccionar os pálios. É uma antiqüíssima tradição que recorda à santa martirizada no ano 350 d.C. e enterrada na basílica que leva seu nome na Via Nomentana de Roma. Os monges cistercienses trapistas da Abadia das Três Fontes criam os cordeiros e os pálios da lã recém rasqueada são tecidos pelas monjas de Santa Cecília.

O pálio é o “distintivo litúrgico”, típico do Sumo Pontífice, e pode ser visto com muita frequência em fotos, gravuras e representações dos papas. Indica o cargo e a atividade de ser pastor do rebanho que lhe foi confiado por Cristo.

Nos primeiros séculos os Papas usavam uma verdadeira pele de cordeiro apoiada sobre os ombros. Depois, passou a ser costume uma estola de lã branca, tecida com lã pura de cordeiros. A estola tinha algumas cruzes, que nos primeiros séculos podiam tanto ser pretas como vermelhas. Já no IV século o pálio tornou-se um distintivo litúrgico próprio e típico do Papa. A entrega do pálio por parte do Papa aos Arcebispos metropolitas teve início no século VI.

O pálio é assim o símbolo não só da jurisdição papal, mas também o sinal explícito e fraterno da partilha desta jurisdição com os Arcebispos metropolitas, e mediante eles com os demais Bispos. Portanto ele é sinal visível da colegialidade e da subsidiariedade, ou seja, todos os nossos pastores (bispos da Igreja) confirmam e vivem a comunhão com o Papa (sucessor de São Pedro), a fidelidade à Igreja e à fé apostólica.

O pálio também torna-se sinal do encargo pastoral entregue aos bispos; Jesus Cristo associa a si, neste suave jugo, os pastores postos à frente de cada uma das Igrejas particulares. É um "peso de amor", também dito "ofício de caridade" (amoris officium), que os bispos devem exercer em nome de Cristo. Ele, de fato, é o verdadeiro pastor do rebanho, que é seu; e aqueles que se aproximam das ovelhas serão reconhecidos como legítimos na medida em que se apresentarem em nome dele, e não em nome próprio, e com os sentimentos dele em relação ao rebanho.

Enfim, o pálio é sinal distintivo da responsabilidade própria do arcebispo metropolita no âmbito de sua província eclesiástica, na qual ele poderá usá-lo durante as celebrações da Liturgia. De fato, o Direito da Igreja reserva algumas funções próprias ao arcebispo metropolita, em função da unidade da fé e da viabilização da disciplina eclesiástica.

Encerro este texto relembrando as palavras de Bento XVI no ano de 2007, quando ao final da celebração solene, convidou todos à oração para que, pela intercessão dos santos Pedro e Paulo, a Igreja seja una na profissão da mesma fé, santa pela vida dos seus filhos, católica pela acolhida desta fé por todos os povos e apostólica pela sua íntegra fidelidade ao fundamento posto pelo Senhor, a fim de que o mundo creia em Jesus Cristo.

Amém!

Carlos Rissato

Nenhum comentário:

Postar um comentário