Em junho de 1972 pudemos ver a primeira tentativa a nível global
para organizar as relações entre o homem e o meio ambiente. Ainda era muito
forte a ideia de que o meio ambiente pudesse ser uma fonte inesgotável de
recursos; porém, a ciência já acusava o surgimento discreto dos primeiros
indicativos de problemas: inversões térmicas, secamento de lagos e surgimento
de “ilhas de calor”.
Desta
forma, fazia-se necessário organizar o mundo para uma política de ajuda mútua e
cuidado para com o ambiente; a ONU reúne representantes de 113 países membros e
organiza então a Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente -
a Conferência de Estocolmo.
O
contraponto em Estocolmo estabeleceu-se pela disputa entre o “desenvolvimento
zero” sustentado pelos países desenvolvidos e o “desenvolvimento a qualquer
custo”, na época a grande bandeira das nações subdesenvolvidas.
Vinte anos mais tarde, repete-se o congresso, agora tendo por cenário o
Rio de Janeiro, era a ECO-92. Os holofotes voltam-se agora para a
“sustentabilidade”, o grande debate é para se estabelecer um novo modelo para a
promoção do desenvolvimento sustentável.
O
documento assinado pelos mais de cem países nesta conferencia mundial,
estabelece uma série de princípios, sendo o primeiro deles uma referência ao
fato de que desenvolvimento sustentável não é alcançado através do
desenvolvimento econômico, ambiental ou político isoladamente, mas antes, e
acima de tudo, deve ser medido pela sua capacidade de promover e salvaguardar a
dignidade da pessoa humana.
Basta
um olhar ao redor e percebemos que os propósitos e o belo discurso ainda não
saíram do papel, nós continuamos a ver e sentir as consequências de um
desenvolvimento desenfreado, onde o ser humano é considerado obstáculo e não
objetivo final.
Ontem (sexta-feira, 22 de junho de 2012) encerrou-se a
RIO+20, o maior evento já realizado pela ONU até hoje. Dizem os organizadores,
que o objetivo não era discutir meio ambiente, e sim como as esferas sociais e
ambientais, além da econômica devem se articular no desenvolvimento de um país.
A
palavra de ordem da RIO+20 agora é “economia verde”, que de forma simples
significaria promover a sustentabilidade sem a necessidade de redução no
consumo de recursos.
Porém
o que se percebe, é que, da forma como vem sendo discutida, não responde às
necessidades dos mais pobres; pelo contrário, caracteriza-se como uma expressão
da mercantilização da terra. Um dos muitos exemplos disto é a especulação em
relação ao acesso à água potável; a água não é vista como um bem escasso, mas
como uma mercadoria com a qual se pode lucrar, às custas, muitas vezes, de um
aumento da pobreza e injustiça.
Definitivamente,
a economia verde não inclui fundamentos que garantam que seja uma economia
justa, solidária, preocupada com as gerações futuras e a serviço dos mais
vulneráveis. E assim, a Rio+20 passará para a história como mais uma
conferência da ONU sobre meio ambiente, que ofereceu à sociedade mundial um
texto marcado por graves omissões que comprometem a preservação e a capacidade
de recuperação socioambiental do planeta, bem como a garantia, às atuais e
futuras gerações, de direitos humanos adquiridos.
Carlos
Rissato
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