A propósito do Pentecostes que
estamos vivendo desde domingo passado (27.05.12) na espiritualidade da
liturgia, temos como base o texto em que relata o início “prático” da Igreja de
Jesus Cristo. Esse início é marcado por uma ação fantástica e impressionante do
Espírito Santo, 50 dias depois, talvez alguns apóstolos já descrentes do que
realmente poderia acontecer de suas vidas vivem uma experiência maravilhosa do
Espírito Santos de Deus.
À partir daí a força e a unção do
Espírito impulsiona os apóstolos e os discípulos a iniciar a Igreja de Jesus de
Cristo. Começa então uma grande jornada até chegar aos dias atuais, e só chega
porque é sustentada por esse mesmo Espírito. Mas infelizmente algumas pessoas
vivem uma Igreja que muitas vezes parecem não ter espírito nenhum e vivem uma
igreja de “paredes”.
Esse falso conceito de Igreja vai
contra a tudo aquilo que Jesus ordenou aos discípulos. Enquanto Jesus nos envia
para evangelizar o mundo, nós no acomodamos dentro das paredes da Igreja e
esperamos sentados a salvação. O Pentecoste precisa acontecer novamente em
muitas comunidade católicas que vivem uma fé de inércia. E o pior, tem gente
que acha que isso é Igreja. E toda vez que aparece um abençoado, seja ele um
leigo ou padre, que quer fazer algo novo, diferente, criativo, renovador, vem
então uns e outros e criticam dizendo: “Isso
é um absurdo, não se fazem mais igrejas de antigamente”.
Bem, eu já ouvi gente dizendo
isso pra mim e fiquei desanimado, triste, mas compreendi uma vez que na verdade
o que precisamos entender é que os tempos mudam, as coisas mudam, as pessoas
mudam, o meio em que as pessoas vivem mudam, o jeito delas se relacionarem com
esse meio muda, ou seja, tudo muda! Então porque algumas pessoas dentro da
Igreja relutam em renovar o jeito de SER Igreja?
Vejam! O próprio papa Bento XVI,
que para muitos é conservador, dá sinais de um homem visionário e preocupado
com a ação na Igreja no mundo moderno. Ele se preocupa com a forma que a Igreja
se relaciona com o povo, um exemplo é o catecismo para jovens YOUCAT que foi
lançado em 2011. Construído por jovens, esse catecismo é a forma mais eficaz da
Igreja estar em sintonia, na forma de comunicar com o jovem. Ou seja, a Igreja
tem a preocupação de se renovar, de se atualizar, mas tem outros “chefes” de
Igreja que acham isso um absurdo.
Ora meus irmãos, o tempo de
Moisés, era o tempo de Moisés, no tempo de Jesus foi o tempo de Jesus, no tempo
dos apóstolos foi o tempo dos apóstolos, agora chegou o nosso tempo e nesse
tempo o mundo é totalmente diferente do tempo de Jesus. Veja, falando ainda dos
jovens, como os atrairemos para a igreja se ainda insistimos com um discurso
que não agrada ao jovem? Se ainda temos padres que não falam a linguagem do
jovem, se a liturgia é cansativa – e
deixo claro que não estou falando que há necessidade de mudar a liturgia, mas
talvez a forma de aplica-la - se o ministério de música não é animado, se o
banco é duro demais, se o som da igreja é igual à rádio fora de sintonia. Dessa
forma não há atração, não há encantamento, então não haverá adesão.
Daí então eu concluo que não
podemos mesmo fazer Igrejas de antigamente, porque o que alguns querem é fazer
Igrejas para os de antigamente, e com todo respeito, ser de antigamente ou não,
não tem nada a ver com a idade, tem a ver com a mentalidade.
Então não podemos mais fazer
Igrejas de antigamente. A Igreja, a comunidade de base, precisa viver um novo pentecostes,
ela precisa se reinventar, se renovar, senão vai morrer. Nossa Igreja é uma
igreja peregrina, que vive em missão, que carrega sua cruz e segue junto à
Jesus para o céu, e é responsabilidade do leigo que é liderança nas
comunidades, dos padres, dos bispos, de toda a Igreja ajudar ao Povo de Deus
chegar lá de forma engajada. Isso só acontecerá se nós mostrarmos uma Igreja
atrativa ao povo de Deus. Jesus conseguia
discípulos porque acima de tudo por onde ele andava, ele encantava as pessoas
com sua forma de falar, com seu jeito carinhoso de olhar, com sua atenção
voltada aos que mais necessitavam, com seus milagres, com suas curas, com a sua
promessa. Cabe a nós hoje, continuarmos aquilo que Jesus deixou, mas como
estamos evangelizando? Estamos realmente contextualizados na realidade do homem
para conseguir tira-lo desse mundo que cada vez mais consome sua dignidade,
sonhos, paciência, forças e energia e leva a depressão, stress, aos surtos, isolamento,
separações, brigas, enfim, ao inferno.
Não, eu não quero uma Igreja de
antigamente, eu quero uma Igreja de hoje, de sempre, de Jesus.
Pense nisso!
Fernando Lopes
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