sábado, 19 de maio de 2012

Espírito Santo e Pentecostes


Este é o momento oportuno para se refletir sobre o Espírito Santo, que é o amor do Pai e do Filho derramado sobre cada um de nós, fazendo com que nos tornemos sua morada, animados a viver como irmãos e seguidores de Cristo Jesus. Paulo VI convidava: Recebei o Espírito Santo com alegria, para que Ele possa transformar os corações. Não é fácil falar sobre o Espírito Santo, porque nos faltam palavras, algo sensível, concreto, para expressá-lo bem e entendê-lo melhor.

Mesmo assim, apelando para a origem da palavra espiritus (latim), pneuma (grego) e ruhá (hebraico), que significam ar puro, sopro, hálito
Gn 2, 7, ar em movimento, deduz-se que o espírito é movimento, dinâmica, força, luz, que influenciam os corações. São vários, portanto, os símbolos relativos ao Espírito Santo, que podem ser encontrados na Bíblia, para torná-lo mais conhecido e entendido: o sopro, Jesus soprou sobre eles, dizendo: “Recebam o Espírito Santo Jo 20,22”; fogo, significando a força transformadora do poder do Espírito Santo sobre os Apóstolos, tirando deles todo o medo At 2,22; forma de pomba, no dia do batismo de Jesus Mt 3,16;  forma de águia, de unção, selo, água, luz, colunas de fogo, vento, sombra Lc 1,31.

Em Mateus 6,5, percebe-se que Jesus, quando curava e abençoava as pessoas, sempre o fazia impondo sobre elas sua mão,  significando a efusão do Espírito Santo. É Ele a terceira pessoa da Santíssima Trindade, alma da igreja, a dirige, a fortalece, a santifica, é o comunicador da vida.
Sua missão é libertadora, santificadora, norteadora de diretrizes para o caminho da santidade.
Ele é Santo porque é puro, sagrado, divino e perfeito; Ele é o sopro de Deus que penetra a profundeza de nosso ser, segundo o salmista. A presença do Espírito Santo toca os corações daqueles que o amam, o conhecem e o vivenciam e, assim, os enche de sabedoria. Todo batizado reconhece ou deveria reconhecer que, nele se encontra toda a possibilidade de libertação de medos e temores.

Os seres humanos são lerdos em suas reflexões e decisões, caso fossem espertos, sua adesão ao Espírito seria ágil, rápida, pois, Ele já se encontra em cada um, bastando apenas a abertura de coração, e o propósito de conversão para que Ele venha  e faça nele  sua morada. Mesmo porque, segundo Paulo, pelo batismo já nos tornamos templos do Espírito Santo. Vinde Espírito Santo, vinde Espírito Santo e repare nossas inúmeras fragilidades e habite em nós, aja em nós, fortifique as paredes dessa pobre morada.

O Espírito Santo no Antigo Testamento e no Novo Testamento. Desde o inicio da criação, a terceira pessoa da Santíssima Trindade se fazia presente nesta magnífica obra do criador... ” e o Espírito de Deus pairava sobre as águas” Gn 1,1-2. Deus, vendo a fraqueza de seu povo, e querendo extrair dele lideres e profetas, os enchia do Espírito Santo e os tornava homens sábios, para que profetizassem algo que pudesse se transformar em esperança para o povo sofrido, ou seja, o Messias que haveria de vir.

Assim o profeta Ezequiel, pregava a transformação dos corações Ez 36,26-27; Joel, a vinda do Messias, quando deveriam acontecer coisas extraordinárias, como o derramamento do Espírito Santo Jl 3,1; Is 61, 1, que proclama a boa noticia e a obra libertadora de Cristo Lc 4, 18-20. E assim, tantos outros que insistiam nas promessas do Deus invisível que se tornaria visível. O Senhor Jesus, enquanto esteve aqui, valeu-se de uma pedagogia extraordinária, revelou e ensinou tudo e o suficiente para que o ser humano pudesse alcançar a salvação, segundo Paulo.  Daí ter usado  recursos lingüísticos, figuras  gramaticais, exemplos extraídos da natureza, do próprio comportamento humano, situações do momento histórico, apelo às Escrituras, para que fosse entendido, contudo,  o crucificaram.

Sabedor, porém, das limitações daquele povo, antes de partir, prometeu a todos que iria enviar um substituto, o  Paráclito, “ Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará um outro Paráclito para que fique eternamente convosco. Não vos deixarei órfãos” Jo 14, 16-17, “Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo  e vos recordará tudo o que eu vos disse” Jo 14,2. Esse Paráclito  deve ser entendido como o auxiliar, aquele que estará ao lado de todos, o advogado, que sem pretensões de honorários, defende  a cada um de acordo com suas necessidades junto ao Pai I Jo 2,1; pleiteia  diante dos tribunais humanos Jo 15,26-27. Assim o Espírito Santo dará testemunho de Cristo e confundirá a incredulidade do mundo Lc 24, 29.


O dia de Pentecostes, a ser celebrado nestes dias, é o dia mais importante para a igreja católica, considerando-se que, nele se comemora a  fundação da nossa igreja,  dia em que se perdeu todo tipo de medo de sair por ai pregando o santo evangelho a todos os povos. “ Apareceram-lhes, então, línguas como de fogo que se repartiam e que pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do Espírito Santo”... At. 2,3-4. Esse foi o grande acontecimento histórico para igreja. A partir daí, após a recepção do Espírito Santo, os apóstolos se transformaram, Nossa Senhora não, porque sempre foi cheia Dele, e com intrepidez e ousadia passaram a testemunhar Jesus e a proclamar e pregar o evangelho, sem medo, fazendo milagres, muitas  curas e prodígios, At. 4,29-31. Como membros desta igreja, todos recebemos seus dons e esses  devem ser frutificados, mediante nosso engajamento comunitário, onde a partilha deve ser constante, objetivando o crescimento pessoal  e coletivo.

O tempo do medo já acabou, hoje, pelo Espírito Santo em nós, não somos os mesmos, revestidos com sua força teremos condições de produzir bons frutos, de vivermos a fraternidade dentro da  comunidade, de sermos testemunhas verdadeiras de Cristo e meios  úteis de comunicação de seu evangelho. E nessa caminhada eclesial com o Espírito Santo, temos como companheira, Maria, que jamais nos abandonará. “O Senhor a encheu com a presença do Espírito Santo e a escolheu para ser o cofre vivo para guardar o mais precioso tesouro – Jesus. Seu corpo esteve habitado, durante nove meses pela sua carne vivificante e sua alma, fecundada pelo orvalho do Espírito Santo”. Maria sempre foi fiel á palavra de Deus e sempre ouviu sua voz, daí ter-se tornado sua filha predileta e no final mãe de todos pela vontade de seu Filho na cruz: filho eis a tua mãe, mãe eis aí o teu filho Jo.  19,26-27.

Assim, guiados pelo Espírito Santo, motivados pelas suas forças, aproveitemos desse momento para renovar nossa esperança e fortificar nossa fé em Deus Pai e Filho, e com isso, nos tornarmos servos bons e fiéis, sempre engajados em nossas comunidades, pela intercessão de Maria nossa mãe querida. Tempo de Pentecostes!

Obrigado Senhor.

José Scofoni - Zito        

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