Constata-se, cotidianamente, que o homem
moderno, em decorrência de mutações constantes na órbita científica e tecnológica,
se afasta mais e mais de Deus, transparecendo, busca de sua autossuficiência,
em detrimento de sua filiação e dependência divina.
Em suas aventuras, o homem prioriza mais o
acidental do que o substancial, banalizando a vida, a dignidade e os valores
tradicionais; subjuga-se aos caprichos do hedonismo, ganância pelo poder, bens
materiais e uso desordenado do sexo, etc. Tudo isso o afasta de Deus.
Na verdade, Deus se encontra mais perto de
nós, do que se imagina, velando-nos e protegendo-nos sem medida. Deus, desde o AT. quis se fazer presente na
vida homem, principalmente, em razão de seu afastamento e infidelidade aos seus
compromissos.
O Pai, em sua bondade incomensurável, quis
compartilhar sua infinita misericórdia, propiciando aos seus filhos meios para
que pudessem ser felizes, já aqui na terra.
Ele cria, determina e, paternalmente, indica
os caminhos a serem seguidos pelo seu povo escolhido. O homem, de cerviz dura, Lhe é infiel,
descumpre o acordo inicial da aliança, não obedece e sofre as conseqüências.
Mesmo assim, Deus continua presente na
história da salvação, revelando-se aos patriarcas Abraão, Isaac, Jacó,
manifestando a eles sua promessa e Aliança.
Dando continuidade, no Monte Sinai, estabelece
com Moisés a mesma Aliança (Ex 19,1..) e
este, fiel à sua vocação, levou avante o projeto de Deus, selando e ratificando o pacto com o sangue de uma só
vítima Ex 24,8ss, aspergindo o povo, disse: ”Este é o sangue da Aliança que Javé fez conosco.
Tudo isso como prenuncio da nova Aliança,
firmada no calvário, por Jesus, através do seu sangue derramado na cruz em
remissão de nossos pecados Mt 26,08; Hb 9,12-26.
Segundo observações da Bíblia de Jerusalém,
no Pentateuco são descritas várias manifestações da presença de Deus, sob as
expressões: coluna de nuvens, a nuvem, a glória de Javé, à época da libertação
do povo do Egito. Em Ex 13,22, Javé ia diante deles, de dia,
numa coluna de nuvem, para lhes mostrar o caminho, e de noite, numa coluna de
fogo...
Deus aparece também como murmúrio de uma
brisa suave 1Rs 19;12, significando a intimidade de seu trato com os seus
profetas, sem ser rigoroso para com eles. E hoje, Jo 1,14 “e o Verbo se fez carne e
habitou entre nós e vimos a sua glória”.
Jesus plenifica a presença de Deus na terra e
dá continuidade à sua presença. “Muitas vezes e de muitos modos, Deus falou
outrora aos nossos pais, pelos profetas. Nestes dias, que são os últimos,
falou-nos por meio do Filho Hb 1,1” . Jesus é o porta-voz de Deus Pai, e obediente
a Ele, nos revelou aquilo que viu e ouviu em seu seio.
O Pai é Deus, contudo não se trata de saber
quem Ele é, mas, sim, o que Ele é para nós, (Conhecer a Bíblia, Ivo Storniollo
2.008). Ele o “ABBÁ”, pai, paizão, amigo fiel, que
constantemente está ao nosso lado, repudia o pecado, mas ama o pecador. Traduzir Deus em poucas palavras torna-se
difícil, vez que as escrituras, Padres da Igreja, teólogos, Santos Padres,
Doutores, sempre sentiram a mesma dificuldade.
Demais disso, é ainda, difícil porque, jamais,
algum mortal viu a face de Deus, seu rosto, contudo, sabe-se que Ele está no
meio de nós, na criação, e tudo reflete sua presença, sem se confundir com doutrina
panteísta. O homem moderno não percebendo que foi feito
á imagem e semelhança de Deus, está sendo massacrado pelos seus próprios
inventos.
Deus é autor e dono, está presente e exige do
homem a obediência e o seu reconhecimento
È no coração dos mais humildes que Deus se
aninha e faz sua morada e aí se manifesta para que o mundo seja melhor.
Suas manifestações dão-se através de sinais
aos que lhe são fiéis. Percebe-se que, o ser humano, empolgado pelas
facilidades que o mundo moderno oferece, esquece da existência e presença de
Deus, e decide agir a seu modo, na ilusão de que tudo lhe é permitido. A pauta de hoje é “gozar a vida”, usufruir da
melhor forma possível do corpo, dos bens e de tudo aquilo que o mundo oferece.
A permissividade desregrada é ofensa a Deus
que, pela sua misericórdia e respeito à liberdade, concedida aos seus filhos,
não interfere em suas ações e decisões. Como todos são mortais, no dia do juízo
nenhum terá o privilegio de se isentar da prestação de contas, exigida de
acordo com sua justiça.Cremos nós, que o primeiro ìtem a ser exigido
recairá sobre os dons ou talentos, confiados a cada um, e o grau de
misericórdia adotado durante a vida para com o próximo.
Mesmo assim, é certo que as ocorrências
finais de nossa existência, sempre estarão na dependência das mãos bondosas do
Pai, que de tudo fará para que seus filhos não se percam, à vista disso, o tempo é agora, as
oportunidades são inúmeras para que sejamos agradáveis a Deus, “Se, pois, com sua boca confessares Jesus
como Senhor, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás
salvo – Rm 10, 8b-10.
Aquele que assim agir, terá condições, sim,
de sentir e ver a Deus, porque Jesus em seus magistrais ensinamentos nos disse:
“Quem me vê, vê o Pai”.
O papa Bento XVI, por ocasião de seu discurso
inaugural da V Conferencia Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, em
Aparecida, disse: “só quem reconhece a Deus, conhece a realidade e pode
responder a ela de modo adequado e realmente humano”.
Em síntese, Deus se manifesta sob formas
diversas, que serão entendidas apenas por aqueles que, revestidos de grande
humildade, mais se sensibilizam pelas suas coisas e seus ditames. Confessemos
Jesus como o Senhor... e que permanece sempre em nós.
José Scofoni - Zito
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