Com
a celebração do Domingo de Ramos iniciamos a Semana Santa, esta foi a última
semana da vida terrena de Jesus. É a semana que nos leva até a Ressurreição, o
dia em que a humanidade se vê renovada, função do amor infinito de Deus e da
obediência incondicional de Jesus. Cristo ressuscitado é a semente da nova
humanidade – é o homem novo libertado
do pecado.
Até
o Domingo de Páscoa o mundo todo recorda a Paixão e Morte de Jesus Cristo, para
então celebrar a Páscoa do Senhor.
A
beleza e o profundo significado de cada uma das celebrações do Tríduo Pascal
são oportunidades únicas para vivermos com intensidade e fervor nossa fé; desde
o lava-pés durante a Ceia do Senhor na quinta-feira Santa, quando o sacerdote
repete o mesmo ato de humildade, amor e serviço de Jesus Cristo quando lavou os
pés dos apóstolos antes de nos ensinar o novo e definitivo sentido da Páscoa -
que não é uma simples libertação social ou política, mas sim a salvação do pecado
(1Cor 15,3). Em seguida à celebração da
Ceia do Senhor nos é oportunizado participar da transladação do Santíssimo
Sacramento e permanecer em adoração noite adentro.
Nos
momentos de adoração desta noite, até a celebração da paixão, podemos refletir
e recordar a tensão extrema no Getsêmani (que leva Jesus a suar sangue); a
traição de Judas à Jesus; sua prisão no Jardim das Oliveiras e a condução no
meio da noite até a casa de Caifáz, onde é injustamente acusado e ilegalmente
julgado[1].
Mas vamos principalmente lembrar, celebrar e viver o amor e a fidelidade de
Deus, manifestados em três grandes gestos que podem ser o testamento de Jesus:
a instituição da Eucaristia, a instituição do Sacerdócio Ministerial e o
anúncio do seu Evangelho. Desta forma, esta noite da traição transforma-se na noite
do amor e da fraternidade; na noite da misericórdia infinita, promotora da Nova
e Eterna Aliança.
Antes
ainda, outro momento belíssimo da tradição da Igreja é a missa do Crisma[2] (na
quinta-feira pela manhã); quando o bispo prepara os
perfumes e os mistura ao óleo crismal, sopra sobre o vaso do crisma como sinal
do sopro do Espírito Santo e na oração consacratória, todos os sacerdotes
presentes fazem a imposição das mãos,
estendendo a mão direita e invocando o Espírito Santo para que consagre o
Crisma, o qual será utilizado por todas as igrejas nas cerimônias da crisma e nas
ordenações.
Na sexta-feira
santa, toda a Igreja celebra a Paixão do Senhor, não há liturgia eucarística
(não há consagração), conforme nos ensina o Missal
Dominical: “a leitura da Paixão segundo João constitui o modo privilegiado
de acesso ao mistério pascal, que neste dia revivemos (...)”. Assim, após a
liturgia da palavra, a adoração da cruz e a comunhão eucarística (com as
hóstias que foram consagradas na quinta-feira), podemos em procissão, percorrer
simbolicamente as estações da via-sacra pelas ruas de nossas cidades. Nesse
percurso, muito mais que a simples crônica dos acontecimentos, comtemplamos o
mistério de amor e doação de Jesus e sua Mãe, e procuramos participar
intimamente de seu sacrifício espiritual.
Então temos a
Vigília Pascal (a “Noite Santa” de sábado), que inicia com a Celebração da Luz;
é a benção do fogo novo; a preparação do Círio Pascal; a procissão que conduz o
círio aceso para dentro da igreja e a Proclamação da Páscoa (Exultet), o canto que lembra a história
de nossa salvação pela ressurreição de Jesus Cristo que dá luz à nossas vidas.
Na sequência,
dentro da igreja, partilhamos a liturgia da palavra, com as leituras que
constituem o último ensinamento aos catecúmenos antes do batismo. Esta liturgia
também recorda para a comunidade que irá renovar as promessas do batismo, os
fatos importantes da salvação e os valores essenciais da nova vida de filhos de
Deus. Vem então a liturgia batismal, cantamos a Ladainha dos Santos, renovamos
as promessas do batismo e participamos na sequência, da liturgia eucarística.
Com esta
celebração encerramos o Tríduo Pascal e no domingo vivemos a Páscoa do Senhor. A
ressurreição é a “utopia humana” realizada em Jesus Cristo. O teólogo alemão
Karl Bart, escreve que a ressurreição é o grande veredito, a grande decisão de
Deus. A cruz é a condenação à morte executada em Cristo (representando,
substituindo e assumindo a pena de toda a humanidade) e a ressurreição é a
sentença definitiva de Deus, que proclama seu veredito, confirmando e dando
plena razão ao seu Filho, que pela cruz promove nossa reconciliação (e de toda
a humanidade) com o Pai.
CRISTO RESSUSCITOU; Ele vive para
além da morte; é o Senhor dos vivos e dos mortos.
Celebrar a Páscoa
é celebrar a festa das festas, a festa do Amor por excelência, é celebrar a
vida em sua plenitude; celebremos pois!
Carlos Rissato
[1] Tanto a lei religiosa como a lei civil da época não permitia o julgamento à noite e sem a defesa do acusado.
[2] Além da consagração do Santo
Crisma, nesta missa também acontece a benção do óleo dos catecúmenos e
do óleo dos enfermos. É importante ressaltar que consagração é apenas para o
Santo Crisma, os demais apenas benzidos.
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