terça-feira, 3 de abril de 2012

Celebrando a última semana na vida terrena de Jesus


Com a celebração do Domingo de Ramos iniciamos a Semana Santa, esta foi a última semana da vida terrena de Jesus. É a semana que nos leva até a Ressurreição, o dia em que a humanidade se vê renovada, função do amor infinito de Deus e da obediência incondicional de Jesus. Cristo ressuscitado é a semente da nova humanidade – é o homem novo libertado do pecado.
Até o Domingo de Páscoa o mundo todo recorda a Paixão e Morte de Jesus Cristo, para então celebrar a Páscoa do Senhor.


A beleza e o profundo significado de cada uma das celebrações do Tríduo Pascal são oportunidades únicas para vivermos com intensidade e fervor nossa fé; desde o lava-pés durante a Ceia do Senhor na quinta-feira Santa, quando o sacerdote repete o mesmo ato de humildade, amor e serviço de Jesus Cristo quando lavou os pés dos apóstolos antes de nos ensinar o novo e definitivo sentido da Páscoa - que não é uma simples libertação social ou política, mas sim a salvação do pecado (1Cor 15,3).  Em seguida à celebração da Ceia do Senhor nos é oportunizado participar da transladação do Santíssimo Sacramento e permanecer em adoração noite adentro.

Nos momentos de adoração desta noite, até a celebração da paixão, podemos refletir e recordar a tensão extrema no Getsêmani (que leva Jesus a suar sangue); a traição de Judas à Jesus; sua prisão no Jardim das Oliveiras e a condução no meio da noite até a casa de Caifáz, onde é injustamente acusado e ilegalmente julgado[1]. Mas vamos principalmente lembrar, celebrar e viver o amor e a fidelidade de Deus, manifestados em três grandes gestos que podem ser o testamento de Jesus: a instituição da Eucaristia, a instituição do Sacerdócio Ministerial e o anúncio do seu Evangelho. Desta forma, esta noite da traição transforma-se na noite do amor e da fraternidade; na noite da misericórdia infinita, promotora da Nova e Eterna Aliança.

Antes ainda, outro momento belíssimo da tradição da Igreja é a missa do Crisma[2] (na quinta-feira pela manhã); quando  o bispo prepara os perfumes e os mistura ao óleo crismal, sopra sobre o vaso do crisma como sinal do sopro do Espírito Santo e na oração consacratória, todos os sacerdotes presentes  fazem a imposição das mãos, estendendo a mão direita e invocando o Espírito Santo para que consagre o Crisma, o qual será utilizado por todas as igrejas nas cerimônias da crisma e nas ordenações.

Na sexta-feira santa, toda a Igreja celebra a Paixão do Senhor, não há liturgia eucarística (não há consagração), conforme nos ensina o Missal Dominical: “a leitura da Paixão segundo João constitui o modo privilegiado de acesso ao mistério pascal, que neste dia revivemos (...)”. Assim, após a liturgia da palavra, a adoração da cruz e a comunhão eucarística (com as hóstias que foram consagradas na quinta-feira), podemos em procissão, percorrer simbolicamente as estações da via-sacra pelas ruas de nossas cidades. Nesse percurso, muito mais que a simples crônica dos acontecimentos, comtemplamos o mistério de amor e doação de Jesus e sua Mãe, e procuramos participar intimamente de seu sacrifício espiritual.
Então temos a Vigília Pascal (a “Noite Santa” de sábado), que inicia com a Celebração da Luz; é a benção do fogo novo; a preparação do Círio Pascal; a procissão que conduz o círio aceso para dentro da igreja e a Proclamação da Páscoa (Exultet), o canto que lembra a história de nossa salvação pela ressurreição de Jesus Cristo que dá luz à nossas vidas.

Na sequência, dentro da igreja, partilhamos a liturgia da palavra, com as leituras que constituem o último ensinamento aos catecúmenos antes do batismo. Esta liturgia também recorda para a comunidade que irá renovar as promessas do batismo, os fatos importantes da salvação e os valores essenciais da nova vida de filhos de Deus. Vem então a liturgia batismal, cantamos a Ladainha dos Santos, renovamos as promessas do batismo e participamos na sequência, da liturgia eucarística.

Com esta celebração encerramos o Tríduo Pascal e no domingo vivemos a Páscoa do Senhor. A ressurreição é a “utopia humana” realizada em Jesus Cristo. O teólogo alemão Karl Bart, escreve que a ressurreição é o grande veredito, a grande decisão de Deus. A cruz é a condenação à morte executada em Cristo (representando, substituindo e assumindo a pena de toda a humanidade) e a ressurreição é a sentença definitiva de Deus, que proclama seu veredito, confirmando e dando plena razão ao seu Filho, que pela cruz promove nossa reconciliação (e de toda a humanidade) com o Pai.

CRISTO RESSUSCITOU; Ele vive para além da morte; é o Senhor dos vivos e dos mortos.
Celebrar a Páscoa é celebrar a festa das festas, a festa do Amor por excelência, é celebrar a vida em sua plenitude; celebremos pois!

Carlos Rissato




[1] Tanto a lei religiosa como a lei civil da época não permitia o julgamento à noite e sem a defesa do acusado.
[2] Além da consagração do Santo Crisma, nesta missa também acontece a benção do óleo dos catecúmenos e do óleo dos enfermos. É importante ressaltar que consagração é apenas para o Santo Crisma, os demais apenas benzidos.

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