Não vou correr o risco de entrar numa discussão
insensata e ineficaz sobre considerações no campo da psicologia ou da filosofia
a respeito de juventude ou do comportamento humano dos jovens, tampouco tenho a
pretensão de analisar padrões pré-determinados de comportamento de um grupo de
seres humanos, principalmente por não acreditar que o ser humano seja
padronizável. Podemos sim ter uma ou outra reação previsível diante de certas
provocações, mas somos seres únicos, não fomos feitos com moldes, muito menos
em máquinas copiadoras (vale a pena ler http://caminhosdoceu.blogspot.com/2012/02/ser.html); porém o que acontece em nossa sociedade de
respostas prontas e de soluções imediatistas é justamente insistir em enquadrar
o comportamento de um ou outro grupo conforme pré-conceitos e pré-juizos
prontos.
Uma das categorias de seres humanos que mais sofre
com tais pré-julgamentos é a dos jovens. A eles é imposta a culpa de fazerem
perguntas difíceis, sendo que talvez nós é que não nos dedicamos o necessário
para aprender as respostas; a eles é imposta a culpa de serem arrogantes e
prepotentes em suas posições, sendo que talvez nós nunca tivemos a humildade de
lhes perguntar sua opinião e simplesmente ordenamos-lhes obrigações; a eles é
imposta a culpa de serem irresponsáveis e inconsequentes, sendo que talvez nós
nunca lhes tenhamos dito o que esperávamos deles; a eles é imposta a culpa de
não se envolverem com nada, sendo que talvez nós nunca lhes tenhamos explicado
os motivos pelos quais nós fazemos as coisas; a eles é imposta a culpa de serem
egoístas, sendo que talvez nós é que ainda não os tenhamos amado o suficiente
para que eles pudessem aprender a partilhar.
Essa problemática social do mundo contemporâneo
reflete-se em nossa Igreja, por mais que tenhamos uma ou outra paróquia com sua
pastoral da juventude atuante, grupo de jovens em atividade, ainda assim
vivemos um envelhecimento da Igreja. Percebe-se a cada dia uma menor
participação do jovem na Igreja; são raros os jovens que priorizam em sua
programação semanal as missas dominicais. Segundo pesquisas[1]
levadas a efeito nos últimos cinco anos e envolvendo milhares de jovens, esta
barreira é criada e mantida pela forma como a sociedade encara o jovem.
Proclamamos o jovem como o futuro e na verdade o que eles querem é fazer parte
do nosso presente, presente este, que muitas vezes nosso egoísmo não permite
partilhar nem mesmo com os de nossa geração quem dirá com os jovens...
Em 1984, João Paulo II fez um convite para o
“Jubileu Internacional da Juventude”, 300 mil jovens fizeram-se presentes;
nascia o embrião das Jornadas Mundiais da Juventude, a mesma que em 2013 será
no Rio de Janeiro e com a expectativa de cinco milhões de participantes;
definitivamente este é um bom caminho para remoçar nossa Igreja.
Só não podemos deixar a responsabilidade apenas para
o Papa ou para nossos bispos e padres, a forma de fazer as coisas funcionarem
bem depende sempre da comunidade, a orientação e as ferramentas são
disponibilizadas pelos que conduzem a Igreja, mas o serviço é feito pelos
leigos que se colocam em missão, todos os que servem, agem e trabalham no
seguimento a Jesus.
Desta forma, faz-se necessário um especial acolhimento
ao jovem em nossas comunidades, e deve ser de tal forma que ele perceba que não
é uma expectativa ou aposta para o futuro, mas sim o presente. Que a comunidade
e a Igreja dependem tanto dele quanto de qualquer outro, pois, a comunidade na
qual vamos viver amanhã é aquela que o jovem está ajudando a construir hoje e
se ele não se sentir responsável por essa construção amanhã simplesmente não
haverá comunidade, nem para ele e muito menos para nós.
Portanto, concentremo-nos em despertar o jovem para
a pessoa e a proposta de Jesus Cristo, desenvolvendo em conjunto com ele um
processo global de formação a partir da fé, promovendo o despertar de
lideranças para atuar em todos os ministérios da Igreja, sempre comprometidos o
amor e a verdade.
Por fim, aquele que nunca foi jovem atire a primeira
pedra; os outros apenas estendam a mão aos jovens e estes os ajudarão!
Carlos Rissato
[1] As pesquisas foram
realizadas pelo Barna Group, entidade cristã de pesquisas
sediada na Califórnia-USA e publicadas em 2007 no livro: “Você me Perdeu: Porque
os cristãos jovens estão saindo da Igreja”.
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