sábado, 17 de março de 2012

DEUS não é bonzinho...


Deus nos criou à sua imagem e semelhança, por sua magnânima vontade permitiu-nos o raciocínio e o livre arbítrio; dessa forma, o homem pode além de pensar, decidir sobre o seu agir. Essa liberdade em conjunto com todas as demais coisas colocadas à nossa disposição por Deus algumas vezes nos leva ao pensamento arrogante e equivocado de que Deus fez tudo isso para nos agradar e aí começa o desvio de raciocínio.


 A insensata e a distorcida lógica humana nos faz acreditar que Deus nos dá tudo simplesmente para nos agradar e para que o queiramos bem, e assim o faz simplesmente porque ele é bom. Quantas vezes não dissemos às nossas crianças que isto ou aquilo acontecia por que Deus estava sendo bonzinho ...
Essa ideia curta e limitada de Deus acaba por motivar comportamentos contrários à Verdade e à Fé; não apenas nas crianças que são enganadas pelos adultos que as fazem acreditar que Deus se limitaria a ser bonzinho, mas em nós mesmos, pois, passamos a colocar em Deus a culpa de nossos erros, de nossas frustrações, de nossa ignorância e de nossa falta de ação.

Num primeiro momento, este conceito de Deus bonzinho, nos leva a não ter o devido e necessário cuidado, deixamos muita vezes o temor a Deus de lado e aí acabamos tratando as coisas de Deus sem zelo[1], de um jeito “bem mais ou menos”. Ou seja, participamos da missa quando não temos nenhum outro compromisso, rezamos quando dá tempo, somos bons para quem é bom conosco ou pior ainda, para com quem pode nos favorecer; se desempenhamos algum papel na comunidade o fazemos do “jeito que dá”, pois afinal de contas Deus vai entender mesmo que não fique muito bem feito, Deus vai saber que eu também preciso descansar, me divertir e por isso vou fazer as coisas Dele rapidinho e do jeito que der.

O pior, é que este entendimento cômodo, simplório e equivocado sobre Deus, acaba por nos remeter a comportamentos ainda mais graves, quantas vezes nos surpreendemos olhando para a cruz de Jesus e desfiando uma infindável série de porquês, outras vezes vamos até mais cedo para a Igreja e nos colocamos a frente do sacrário para novamente recitar as mesmas perguntas irrespondíveis; assumimos a posição de consumidores insatisfeitos e despejamos nossas reclamações no SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) celeste.
Essa falsa concepção de um deus apenas bonzinho, somada a um ou outro momento de maior dificuldade e provação em nossas vidas leva-nos frequentemente a um pecaminoso discurso de descrédito em Deus. Nosso egoísmo descabido cumulado com inveja e preguiça nos leva a olhar para o céu e questionar Deus sobre por que a alguns é dado tanto e para mim ele não é tão bom assim.

Esse é nosso pecado quando acreditamos que Deus pode se limitar ao bonzinho, é muita insensatez limitar um Deus onipotente, onisciente e onipresente à condição tão pequena de bonzinho, Deus é bom sim, mas Ele é bom por que é fiel e misericordioso.
E é assim que devemos entender e ensinar Deus para todos, a sua infinita misericórdia é que se traduz em bondade, o seu amor ágape por cada um nós é que nos aceita e nos acolhe, mesmo com nossas falhas e defeitos, é sua fidelidade que O faz estar sempre ao nosso lado, nos orientando, amando e protegendo. Pois, não foi um Deus apenas bonzinho que entregou seu único Filho ao sacrifício na cruz para nos dar a salvação.

Tenhamos a convicção e a certeza de que nosso Deus é muito mais que bonzinho e ensinemos isso às nossas crianças, para que elas também possam viver e desfrutar amplamente da fidelidade, da misericórdia e do amor incondicional de Deus.

Carlos Rissato



[1] “Lembraram-se então os seus discípulos do que está escrito: O zelo da tua casa me consome (Sl 68,10).” (Jo 2,17)

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