
A insensata e a distorcida lógica humana nos
faz acreditar que Deus nos dá tudo simplesmente para nos agradar e para que o
queiramos bem, e assim o faz simplesmente porque ele é bom. Quantas vezes não
dissemos às nossas crianças que isto ou aquilo acontecia por que Deus estava
sendo bonzinho ...
Essa
ideia curta e limitada de Deus acaba por motivar comportamentos contrários à
Verdade e à Fé; não apenas nas crianças que são enganadas pelos adultos que as
fazem acreditar que Deus se limitaria a ser bonzinho,
mas em nós mesmos, pois, passamos a colocar em Deus a culpa de nossos erros, de
nossas frustrações, de nossa ignorância e de nossa falta de ação.
Num
primeiro momento, este conceito de Deus bonzinho,
nos leva a não ter o devido e necessário cuidado, deixamos muita vezes o temor a
Deus de lado e aí acabamos tratando as coisas de Deus sem zelo[1], de
um jeito “bem mais ou menos”. Ou seja, participamos da missa quando não temos
nenhum outro compromisso, rezamos quando dá tempo, somos bons para quem é bom
conosco ou pior ainda, para com quem pode nos favorecer; se desempenhamos algum
papel na comunidade o fazemos do “jeito que dá”, pois afinal de contas Deus vai
entender mesmo que não fique muito bem feito, Deus vai saber que eu também preciso
descansar, me divertir e por isso vou fazer as coisas Dele rapidinho e do jeito
que der.
O
pior, é que este entendimento cômodo, simplório e equivocado sobre Deus, acaba
por nos remeter a comportamentos ainda mais graves, quantas vezes nos
surpreendemos olhando para a cruz de Jesus e desfiando uma infindável série de porquês,
outras vezes vamos até mais cedo para a Igreja e nos colocamos a frente do
sacrário para novamente recitar as mesmas perguntas irrespondíveis; assumimos a
posição de consumidores insatisfeitos e despejamos nossas reclamações no SAC
(Serviço de Atendimento ao Consumidor) celeste.
Essa
falsa concepção de um deus apenas bonzinho,
somada a um ou outro momento de maior dificuldade e provação em nossas vidas leva-nos
frequentemente a um pecaminoso discurso de descrédito em Deus. Nosso egoísmo
descabido cumulado com inveja e preguiça nos leva a olhar para o céu e
questionar Deus sobre por que a alguns é dado tanto e para mim ele não é tão
bom assim.
Esse
é nosso pecado quando acreditamos que Deus pode se limitar ao bonzinho, é muita insensatez limitar um
Deus onipotente, onisciente e onipresente à condição tão pequena de bonzinho, Deus é bom sim, mas Ele é bom
por que é fiel e misericordioso.
E
é assim que devemos entender e ensinar Deus para todos, a sua infinita misericórdia
é que se traduz em bondade, o seu amor ágape por cada um nós é que nos aceita e
nos acolhe, mesmo com nossas falhas e defeitos, é sua fidelidade que O faz
estar sempre ao nosso lado, nos orientando, amando e protegendo. Pois, não foi um
Deus apenas bonzinho que entregou seu
único Filho ao sacrifício na cruz para nos dar a salvação.
Tenhamos
a convicção e a certeza de que nosso Deus é muito mais que bonzinho e ensinemos isso às nossas crianças, para que elas também
possam viver e desfrutar amplamente da fidelidade, da misericórdia e do amor
incondicional de Deus.
Carlos Rissato
[1] “Lembraram-se então os seus
discípulos do que está escrito: O zelo da tua casa me consome (Sl 68,10).” (Jo
2,17)
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