O Catecumenato: Estamos no início da Igreja, no meio
dos gentios cresce a comunidade dos cristãos. Surge a necessidade de organizar
a catequese, aumenta o número de pessoas desejosas de assumir o novo estilo de
vida; são judeus, gentios, pessoas nobres do Império, gente letrada. No séc. I
nasce o catecumenato. Primeiro, o candidato se sente atraído pela vida cristã:
é o pré-catecumenato; segundo, é admitido na vida cristã depois de manifestar o
desejo de crer e viver como os cristãos, é alimentado pela Palavra de Deus e
iniciado nos ritos litúrgicos: é o tempo de formação, que não é conhecimento de
dogmas, mas mergulho no mistério pascal, mergulho na fé da Igreja, que é crida,
celebrada e vivida; finalizando essa fase com a recepção dos sacramentos da
iniciação: Batismo, Crisma e Eucaristia; terceiro, recebe a instrução não por
meio de um curso, mas da meditação do Evangelho e da participação na vida
litúrgica da Igreja: Mistagogia.
O Catecumenato cultural: É a catequese da Idade Média, quando
Constantino, em 313, põe fim à perseguição aos cristãos, a fé passa a ser
manifestada em público. Com Teodósio, o cristianismo é oficializado como
religião do Império; os pagãos são proibidos de se manifestarem. Com tudo isso,
o catecumenato conhece o seu fim, porque todo mundo nasce obrigatoriamente na
fé cristã. Surge uma nova compreensão de catequese, se antes era iniciática,
passa agora a ser imanente. A catequese é automática e não facultativa,
acontece pela imersão na cristandade. Contudo, enquanto os pensadores da Igreja
ficam preocupados em tematizar a fé através de grandes concílios, o povo faz a
sua parte, apegando-se a devoções secundárias como apreço às relíquias e o
devocionismo. Cresce o apreço da Penitência e fica esquecida a Comunhão. A
Eucaristia “deixa de ser comida” para ser adorada, olhada em exposição no
ostensório. Surgem preocupações com os novíssimos: céu, inferno, purgatório,
morte. As missões populares difundirão a teologia do medo, enquanto a
Escolástica estará preocupada com dogmas e doutrinas.
A Catequese do Concílio de Trento: Avançamos agora pelo período
histórico da Renascença. A sociedade começa a se transformar. O mundo
científico inaugura descobertas impensáveis. Lutero faz a Reforma Protestante.
A Igreja já não é mais a mesma de antes; precisa de novos horizontes. Por 18
anos acontece o Concílio de Trento (começando em 1545) para combater a Reforma
Protestante, é a Contrarreforma. Para o povo não ficar perdido diante desse
mundo conturbando, o concílio elabora pequenos e grandes catecismos, para os
párocos e fiéis. O catecismo vai se basear na pedagogia de ensino (da época),
porque o conteúdo é a doutrina. O ensinamento está baseado na “tabula rasa”,
pois a Igreja incute no fiel o que Deus confiou a ela. O foco está em quem
ensina, pois tem autoridade para transmitir a fé. É a catequese “bancária”, o
modelo é a escola existente, um “fala” e os outros “repetem” até decorar.
A Catequese Renovada: O Concílio Vaticano II acontece
entre 1962 e 1965, se Trento aconteceu devido a Reforma, o Vaticano II se deu
porque a sociedade havia se secularizado. Sendo assim, a Igreja não poderia
continuar com modelos que não dissessem tanto ao mundo. Deixa de ser vista como
sociedade perfeita - Corpo de Cristo, para ser vista como Povo de Deus. Nasce a
Catequese Renovada. Se antes estava centrada em quem “ensinava”, agora o centro
desloca-se para quem participa dela. Há uma revolução de foco. Passa a ser
antropológica. É o catequizando quem desenvolve o conhecimento, não a partir da
doutrina, mas da realidade; surge a catequese “pé no chão”, pois o indivíduo é
agente de transformação; a fé leva a assumir seu papel social; o catequizando é
chamado a assumir as “alegrias” e “angústias” do mundo. O ensinamento não
mudou, mas o processo é vivo, agora catequistas e catequizandos FAZEM catequese e assim
tornam-se comunidade e vivem nos passos do Cristo.
Caríssimos,
recém entramos no ANO da FÉ, a Igreja nos convida à Nova Evangelização,
portanto, momento oportuno para refletirmos a respeito do modelo de catequese que
estamos exercendo em nossas capelas, paróquias e dioceses. Lembre-se, ser
catequista não é apenas ter disponibilidade para conduzir encontros, ser
catequista exige estudo constante e sintonia profunda com a Igreja.
Carlos
Rissato
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