sábado, 1 de dezembro de 2012

Modelos de Catequese - No início, ontém e agora




O Catecumenato: Estamos no início da Igreja, no meio dos gentios cresce a comunidade dos cristãos. Surge a necessidade de organizar a catequese, aumenta o número de pessoas desejosas de assumir o novo estilo de vida; são judeus, gentios, pessoas nobres do Império, gente letrada. No séc. I nasce o catecumenato. Primeiro, o candidato se sente atraído pela vida cristã: é o pré-catecumenato; segundo, é admitido na vida cristã depois de manifestar o desejo de crer e viver como os cristãos, é alimentado pela Palavra de Deus e iniciado nos ritos litúrgicos: é o tempo de formação, que não é conhecimento de dogmas, mas mergulho no mistério pascal, mergulho na fé da Igreja, que é crida, celebrada e vivida; finalizando essa fase com a recepção dos sacramentos da iniciação: Batismo, Crisma e Eucaristia; terceiro, recebe a instrução não por meio de um curso, mas da meditação do Evangelho e da participação na vida litúrgica da Igreja: Mistagogia.


O Catecumenato cultural: É a catequese da Idade Média, quando Constantino, em 313, põe fim à perseguição aos cristãos, a fé passa a ser manifestada em público. Com Teodósio, o cristianismo é oficializado como religião do Império; os pagãos são proibidos de se manifestarem. Com tudo isso, o catecumenato conhece o seu fim, porque todo mundo nasce obrigatoriamente na fé cristã. Surge uma nova compreensão de catequese, se antes era iniciática, passa agora a ser imanente. A catequese é automática e não facultativa, acontece pela imersão na cristandade. Contudo, enquanto os pensadores da Igreja ficam preocupados em tematizar a fé através de grandes concílios, o povo faz a sua parte, apegando-se a devoções secundárias como apreço às relíquias e o devocionismo. Cresce o apreço da Penitência e fica esquecida a Comunhão. A Eucaristia “deixa de ser comida” para ser adorada, olhada em exposição no ostensório. Surgem preocupações com os novíssimos: céu, inferno, purgatório, morte. As missões populares difundirão a teologia do medo, enquanto a Escolástica estará preocupada com dogmas e doutrinas.

A Catequese do Concílio de Trento: Avançamos agora pelo período histórico da Renascença. A sociedade começa a se transformar. O mundo científico inaugura descobertas impensáveis. Lutero faz a Reforma Protestante. A Igreja já não é mais a mesma de antes; precisa de novos horizontes. Por 18 anos acontece o Concílio de Trento (começando em 1545) para combater a Reforma Protestante, é a Contrarreforma. Para o povo não ficar perdido diante desse mundo conturbando, o concílio elabora pequenos e grandes catecismos, para os párocos e fiéis. O catecismo vai se basear na pedagogia de ensino (da época), porque o conteúdo é a doutrina. O ensinamento está baseado na “tabula rasa”, pois a Igreja incute no fiel o que Deus confiou a ela. O foco está em quem ensina, pois tem autoridade para transmitir a fé. É a catequese “bancária”, o modelo é a escola existente, um “fala” e os outros “repetem” até decorar.

A Catequese Renovada: O Concílio Vaticano II acontece entre 1962 e 1965, se Trento aconteceu devido a Reforma, o Vaticano II se deu porque a sociedade havia se secularizado. Sendo assim, a Igreja não poderia continuar com modelos que não dissessem tanto ao mundo. Deixa de ser vista como sociedade perfeita - Corpo de Cristo, para ser vista como Povo de Deus. Nasce a Catequese Renovada. Se antes estava centrada em quem “ensinava”, agora o centro desloca-se para quem participa dela. Há uma revolução de foco. Passa a ser antropológica. É o catequizando quem desenvolve o conhecimento, não a partir da doutrina, mas da realidade; surge a catequese “pé no chão”, pois o indivíduo é agente de transformação; a fé leva a assumir seu papel social; o catequizando é chamado a assumir as “alegrias” e “angústias” do mundo. O ensinamento não mudou, mas o processo é vivo, agora catequistas e catequizandos FAZEM catequese e assim tornam-se comunidade e vivem nos passos do Cristo.
Caríssimos, recém entramos no ANO da FÉ, a Igreja nos convida à Nova Evangelização, portanto, momento oportuno para refletirmos a respeito do modelo de catequese que estamos exercendo em nossas capelas, paróquias e dioceses. Lembre-se, ser catequista não é apenas ter disponibilidade para conduzir encontros, ser catequista exige estudo constante e sintonia profunda com a Igreja.  

Carlos Rissato

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