sábado, 16 de junho de 2012

Por acaso sou eu o guarda de meu irmão?



Por acaso sou eu o guarda de meu irmão? (Gn 4,9). O pensamento atual vez ou outra nos impele a um sentimento confuso e enganoso de liberdade, onde muitas vezes somos levados a priorizar desejos momentâneos e uma inconsequente busca de prazer imediato em detrimento do possa estar acontecendo ao nosso lado e principalmente, da verdadeira e permanente alegria de uma vida sempre próxima de Deus.

Se seguirmos por este caminho escuro, ao invés de libertos, tornamo-nos escravos de nós mesmos; passamos a idolatrar poder, fama, dinheiro e o prazer inconsequente; pouco a pouco deixamos de perceber a presença constante de Deus ao nosso lado, e mesmo Ele estando próximo, pois jamais nos abandona, às vezes não o sentimos.


No início da história da Salvação, vimos Caim matar Abel e em seguida quando questionado por Deus a respeito de seu irmão, ele responde: “Por acaso sou eu o guarda de meu irmão?” (Gn 4,9); o que a maioria dos cristãos guarda em suas lembranças da época dos encontros de catequese é apenas o assassinato praticado por Caim; porém talvez, a chave para uma reflexão sobre como tentar ser um bom cristão hoje, pode estar não no ato praticado por Caim, mas na desdenhosa resposta dada por ele a Deus.

Caim, não buscou negar ou esconder o que havia feita, ele busca antecipadamente uma justificativa para o seu ato pernicioso, ou seja, vai logo assumindo seu egoísmo e individualismo, dizendo não poder ser responsável por ninguém a não ser por ele mesmo, é para onde muitas vezes somos conduzidos hoje em dia, quando, por viver numa sociedade que busca o sucesso a qualquer preço, que supervaloriza fama e dinheiro, nos deixamos também conduzir por estas regras.

Algumas vezes nos vestimos de Caim, matamos Abel e ainda dizemos para Deus que não somos o guarda de nosso irmão; outras vezes morremos como o Abel da história ou ainda, nos tornamos um Caim espectador, pois apesar de não “matar” Abel, observamos sem interferir.

Por óbvio que não devemos nos preocupar em dar ouvidos aos tolos e falsos profetas do fim do mundo, que insistem em dizer que a humanidade está perdida, que o mal tomou a sociedade de assalto. Se os filhos imediatos de Adão e Eva, ou seja, a segunda geração da humanidade já sofreu com o egoísmo e a inveja, e ainda hoje diariamente Caim mata Abel, não estamos caminhando para o fim do mundo não, continuamos a viver num que é mundo imperfeito por nossa culpa. Mas Deus está por perto como sempre esteve, intervindo para que não pereçamos e confiando em nossa conversão.

Ele espera que possamos aprender e nos tornar melhor dia após dia, que sejamos menos Caim ou Abel e mais, muito mais Jesus Cristo; e para isso, um bom começo pode ser confessarmos a ele os nossos pecados de Caim, oferecer-Lhe nossos sacrifícios de Abel, suplicar-Lhe o perdão e buscar incessantemente nossa conversão, para que um dia possamos estar com Ele eternamente na glória, quando então mais nenhum Abel morrerá pelas mãos de qualquer Caim.

Carlos Rissato

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