
Esta lista deixa transparecer a constatação de que
realmente o Brasil está ficando mais rico, o país nos últimos anos vem
apresentando índices econômicos crescentes, produção e exportação em ascensão e
grande expansão na exploração de commodities minerais e agrícolas. Somos
atualmente a sétima maior economia do planeta (dados de 2011) e a cada ano, novos
brasileiros passam a integrar a lista dos bilionários mundiais.
O que chamou minha atenção foi o fato de um
brasileiro estar em sétimo lugar neste ranking e com uma fortuna pessoal de
mais de 30 bilhões de dólares; se verificarmos que o Brasil no ano passado
apresentou um PIB – Produto Interno Bruto (soma de toda a riqueza produzida
pelo país) da ordem de 2,3 trilhões de dólares, o brasileiro mais rico do país
possui o equivalente a mais de 13 % de toda a riqueza produzida pelo Brasil no
ano de 2011, ou seja um único brasileiro tem o que 13% de nossa população de
quase 200.000.000 (duzentos milhões) de pessoas produziram durante o ano.
Estamos vivendo a 49ª Campanha da Fraternidade,
“Fraternidade e Saúde Pública – Que a saúde se difunda sobre a terra (eclo
38,8)”; é muito difícil verificar a situação em que se encontra a saúde do povo
brasileiro, enquanto invariavelmente, as atenções do mundo continuam voltadas ao
ter em detrimento do fazer. É estarrecedor constatar que o governo federal
estabeleceu no orçamento para 2012 um gasto total[1]
com a saúde no país de R$ 72 bi (setenta e dois bilhões de reais) e este
dinheiro todo é menos do que os dois brasileiros mais ricos apresentados na tal
lista da revista Forbes possuem como fortuna pessoal (mais de 75 bilhões de
reais).
Os estereótipos de sucesso são largamente elogiados
enquanto os verdadeiros valores cristãos são suplantados pela imposição do todo
poderoso capital. Como já declarei acima, a crítica não é pessoal aos bem
sucedidos bilionários brasileiros ou aos de qualquer outro lugar do mundo, até
por não saber como amealharam suas fortunas; mas é sim a reação indignada de
quem constata que apesar de toda a riqueza que pode ser produzida no mundo, ela
dificilmente se transforma em benesses para humanidade; é a tristeza de quem
percebe quão atual são as parábolas de Jesus, quando fala da viúva e as duas
moedas no templo (Lc 21,2) ou do fariseu que se orgulhava de pagar o dízimo (Lc
18,12); numa e noutra, Jesus nos fala de quem deu muito do pouco que possuía e
do que deu pouco do muito que tinha e ainda assim se imaginava muito bom.
Hoje, é necessário nutrir a “utopia”, conforme diz o
texto base da CF 2012; construir em meio a este contexto social injusto e
desigual um horizonte novo, horizonte delineado a partir do conceito de “Reino
de Deus”. O cristão precisa trabalhar na construção de uma sociedade justa e
igualitária e sociedade justa passa necessariamente pelo REPARTIR, pois o ACUMULAR
prejudica o AJUDAR e o que talvez os que acumulam não saibam é que o céu também
sabe fazer contas.
[1]
Aqui esta incluído todo tipo de gasto público envolvendo saúde, tais como gastos com pessoal ativo e inativo, as mais diversas ações de saúde pública (combate ao câncer, PSF-Programas de Saúde Familiar, Farmácia Popular e Farmácia Básica, Programa de prevenção DST/AIDS, etc.), administração e qualificação de pessoal, vigilância sanitária, reaparelhamento do SUS, Agencia de Vigilância Sanitária-ANVISA, Fundação Nacional de Saúde-FUNASA, Fundação Osvaldo Cruz-FIOCRUZ, etc.
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