segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Iniciativa e acabativa – No contexto comunitário



Em novembro de 1998, li e reli várias vezes um artigo[1] numa revista semanal nacional, onde o articulista apresentava seu texto como um teste de personalidade e após definir iniciativa, fazia o mesmo para o neologismo acabativa. A partir daí, dividia a humanidade em três categorias, quais sejam: os empreendedores - pessoas que tem ideias e as colocam em prática; os iniciativos – cheios de ideias, mas sem a disciplina para colocá-las em prática e os acabativos – perseverantes e repetidores, voltados ao processo.

Nas palavras do próprio autor, esta singela classificação explicaria muitos dos problemas do mundo moderno e em especial, o problema do Brasil, que seria o “excesso” de iniciativa, a supervalorização dos criativos e consequentemente o pouco reconhecimento aos acabativos.

Durante muito tempo este texto ficou em minha mente, mas não havia refletido sobre ele no contexto das comunidades da Igreja, após reler algumas vezes o texto “Cano de calha[2]”, aqui neste blog, entendi um pouco mais porque algumas vezes nossas comunidades avançam com tanta dificuldade.

Gostamos de ser os iniciativos, os “pais da ideia”, e achamos que quando as coisas não acontecem é porque os outros (os acabativos) é que não fizeram sua parte[3].

Normalmente nos oferecemos em nossa comunidade para executar um ou outro trabalho que já escolhemos, sabemos o que queremos fazer, estamos cheios de ideias e só nos faltam algumas pessoas com vontade para se engajar em nossa equipe (os acabativos) e pronto!
Porém, o que a comunidade precisa realmente é de “canos de calha”; nossas comunidades necessitam que nos coloquemos a serviço, lembremos (Mt 20,26) - “Aquele que quiser tornar-se grande entre vós, seja aquele que serve".

Quando entendemos que se por a serviço é simplesmente dizer: “estou aqui, pronto para ajudar.”, aí sim estamos sendo cano de calha, estamos sendo acabativos e então veremos as ideias da comunidade serem postas em prática, não por serem ideias de um iniciativo, mas por serem boas ideias e necessitarem do trabalho de todos para sua execução.

Para tornar bem fácil isso, é só mantermos sempre em nossos corações as palavras de São Paulo na carta aos colossenses (Cl 3,23): “Tudo o que fizerdes, fazei-o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens”.

Carlos Rissato



[1] O artigo em questão é do professor Stephen Kanitz, publicado na revista Veja edição de 11 de novembro de 1998 (acesse: http://veja.abril.com.br/111198/p_022.html)
[3] Alguém numa brincadeira cheia de verdade já disse: “se a culpa é minha posso coloca-la em quem eu quiser”

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