quinta-feira, 11 de abril de 2013

O homem moderno aprendeu a duvidar


Ao mesmo tempo em que o duvidar promove o avanço científico e cultural, muitas vezes também a “dúvida” pode provocar o afastamento e a exclusão; em relação à nossa fé, esta dúvida precisa ser esclarecida, respondida e provada, sem reprovações ou preconceitos, pois se bem combatida, agrega, une e fortalece a comunidade em torno da fé.

A caminhada humana por este mundo é um constante tropeçar em incertezas e dúvidas. Vejamos Tomé, que frente ao relato dos discípulos que viram o Senhor ressuscitado foi categórico: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei". (Jo 20, 25b)

Este Tomé é o homem de hoje; é cada um de nós em nosso dia a dia. Somos cheios de dúvidas, incertezas e ávidos por viver experiências que possam nos ensinar.  

Diante da afirmação dos outros discípulos: “vimos o Senhor” aquele Tomé reage, não desacreditando de seus irmãos, mas dizendo que ele precisaria viver a sua própria experiência e que o testemunho de outros não era suficiente para ele naquele momento.

A beleza e o ensinamento deste momento único residem justamente na forma como as coisas se sucedem, os outros discípulos permitem que Tome expresse sua dúvida em relação ao Senhor ressuscitado, não o criticam, nem o abandonam, mas o mantem em seu meio, até que dias depois o “encontro” com Jesus acontece e Tomé pode viver sua experiência definitiva.

Precisamos ter sempre em nossas mentes e corações, que a comunidade cristã de hoje, a exemplo do grupo de discípulos de então, deve ser um espaço de diálogo e acolhimento, pois só assim cada um de nós poderá expor as dúvidas, perguntas e incertezas, bem como partilhar conhecimento e experiências de forma que todos possamos cada dia mais, crescer na fé.

O cristão que a exemplo de Tomé, consegue viver de maneira honesta e saudável suas dúvidas e incertezas, sem perder o contato com a comunidade e com Jesus, aprofunda e fortalece sua fé de forma clara e consciente, sustentando-a em conhecimentos, certezas e experiências. Não se contentando em vivê-la superficialmente, apenas repetindo fórmulas decoradas ou submetendo-se a preceitos estabelecidos; mas sendo ele próprio permanente e verdadeiro testemunho do Amor e Misericórdia de Deus.

Caríssimos, que neste Ano da Fé, onde toda a Igreja proclama: “Credo Domine adauge nobis fidem.” – “Creio Senhor, mas aumenta nossa fé.”, sejamos uma comunidade acolhedora como a dos discípulos, tenhamos a honestidade de Tomé e assim, acolhendo com carinho, discutindo nossas dúvidas e vivendo experiências esclarecedoras possamos por fim dizer com convicção, certeza e a mais profunda fé: “Meu Senhor e meu Deus!"(Jo 20, 28)

Carlos Alberto