Ao
mesmo tempo em que o duvidar promove o avanço científico e cultural, muitas
vezes também a “dúvida” pode provocar o afastamento e a exclusão; em relação à
nossa fé, esta dúvida precisa ser esclarecida, respondida e provada, sem
reprovações ou preconceitos, pois se bem combatida, agrega, une e fortalece a comunidade
em torno da fé.
A
caminhada humana por este mundo é um constante tropeçar em incertezas e dúvidas.
Vejamos Tomé, que frente ao relato dos discípulos que viram o Senhor
ressuscitado foi categórico: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se
eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não
acreditarei". (Jo 20, 25b)
Este
Tomé é o homem de hoje; é cada um de nós em nosso dia a dia. Somos cheios de
dúvidas, incertezas e ávidos por viver experiências que possam nos ensinar.
Diante
da afirmação dos outros discípulos: “vimos o Senhor” aquele Tomé reage, não
desacreditando de seus irmãos, mas dizendo que ele precisaria viver a sua
própria experiência e que o testemunho de outros não era suficiente para ele
naquele momento.
A
beleza e o ensinamento deste momento único residem justamente na forma como as
coisas se sucedem, os outros discípulos permitem que Tome expresse sua dúvida
em relação ao Senhor ressuscitado, não o criticam, nem o abandonam, mas o
mantem em seu meio, até que dias depois o “encontro” com Jesus acontece e Tomé
pode viver sua experiência definitiva.
Precisamos
ter sempre em nossas mentes e corações, que a comunidade cristã de hoje, a
exemplo do grupo de discípulos de então, deve ser um espaço de diálogo e acolhimento,
pois só assim cada um de nós poderá expor as dúvidas, perguntas e incertezas, bem
como partilhar conhecimento e experiências de forma que todos possamos cada dia
mais, crescer na fé.
O
cristão que a exemplo de Tomé, consegue viver de maneira honesta e saudável suas
dúvidas e incertezas, sem perder o contato com a comunidade e com Jesus,
aprofunda e fortalece sua fé de forma clara e consciente, sustentando-a em
conhecimentos, certezas e experiências. Não se contentando em vivê-la
superficialmente, apenas repetindo fórmulas decoradas ou submetendo-se a
preceitos estabelecidos; mas sendo ele próprio permanente e verdadeiro
testemunho do Amor e Misericórdia de Deus.
Caríssimos,
que neste Ano da Fé, onde toda a Igreja proclama: “Credo Domine adauge nobis
fidem.” – “Creio Senhor, mas aumenta nossa fé.”, sejamos uma comunidade
acolhedora como a dos discípulos, tenhamos a honestidade de Tomé e assim, acolhendo
com carinho, discutindo nossas dúvidas e vivendo experiências esclarecedoras
possamos por fim dizer com convicção, certeza e a mais profunda fé: “Meu Senhor
e meu Deus!"(Jo 20, 28)
Carlos
Alberto