quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Homilia Diária

A salvação é para todos
O evangelho de hoje é tirado de Lucas 13, 22-30. O evangelista nos coloca diante da seguinte pergunta: “são poucos os que se salvam?”.
A vida de cada pessoa e o percurso de volta para Deus de toda a humanidade são comparáveis a uma dura e incerta estrada no deserto. Nós olhamos diante de nós e vemos tudo árido. Ali não existem placas indicando onde nós iremos chegar.
Essa foi a experiência do povo hebreu pelo deserto. Nós encontramos essa narração do Êxodo.
No evangelho de hoje, Jesus, questionado sobre quantos se salvarão, fala da porta estreita. Com isso, ele quer lembrar aos discípulos que é preciso que se façam pequenos e humildes para poder entrar no Reino dos céus.
Em outras palavras, é preciso dar duro e ser perseverantes e pontuais ao encontro com Deus para evitar que corramos o grande risco de chegar atrasados e encontrar a porta fechada.
Acontece, como nós sabemos pelo próprio evangelho, que também as virgens ficaram sem óleo. Porém, Ninguém poderá achar desculpas diante do justo juízo de Deus.
Ninguém poderá querer tirar vantagem do fato de que na terra tinha intimidade com Deus se isso não for confirmado por uma verdadeira e autêntica vida ativa de serviço ao próximo.
Quando a fé se apaga ou afastamos Deus de nossa vida, não somente perdemos a vida do Reino, mas a tornamos, por nossa culpa, inacessível a nós mesmos e ficamos do lado de fora, justamente como aconteceu com Adão e Eva depois da experiência do pecado.
Jesus, porém, mais uma vez nos conforta: ele se define como porta das ovelhas. Então Jesus nos diz mais uma vez: “em verdade em verdade eu vos digo: eu sou a porta das ovelhas. Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assassinos. Mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta: se alguém passa por ela através de mim, será salvo, entrará e sairá e encontrará pastagem”.
Portanto, a salvação é para todos. Para encontrá-la, devemos procurar Cristo. Ele nos mostrará o verdadeiro caminho para uma vida feliz e de qualidade.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Homilia Diária

O cristão está sempre alerta, rezando e praticando o bem
No evangelho de hoje, de Lucas 12,35-38, Jesus diz aos seus discípulos: “Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrir em, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar!”.
Este evangelho é um convite ao crente a ficar sempre vigilante para estar pronto para acolher Jesus quando ele vier em sua glória. Isso não se faz mediante atos extraordinários, mas no dia a dia.
Jesus exorta aos discípulos, isto é, a nós, a que vivamos sempre com esta disposição interior, como os servos da parábola que estão esperando pelo retorno do patrão. “felizes serão, se assim os encontrar”.
Portanto, o cristão está sempre alerta, rezando e praticando o bem.
As primeiras comunidades cristãs tinham tanta consciência disso, a ponto de se considerarem estrangeiras neste mundo e chamavam a cada célula como paróquia, que quer dizer: colônia de estrangeiros (cfr. 1Pt 2, 11).
Dessa maneira, os primeiros cristãos expressavam a característica mais importante da Igreja que é justamente a tensão para o céu.
A liturgia de hoje quer, portanto, nos convidar a pensar na vida do mundo que há de vir, como repetimos todas as vezes que rezamos o Creio, a nossa profissão de fé.
Trata-se de um convite a viver a nossa existência de maneira sábia e previdente, a considerar atentamente o nosso destino e aquelas realidades que nós chamamos últimas: a morte, o juízo final, a eternidade, o inferno e o paraíso.
Mas não podemos nos separar do mundo no qual estamos vivendo. É pensando no que há de vir que nós assumimos a responsabilidade pelo mundo no qual estamos para construir nele a civilização do amor.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Santo do Dia

Santo Inácio de Antioquia


No centro do Coliseu romano, o bispo cristão aguarda ser trucidado pelas feras, enquanto a multidão exulta em gritos de prazer com o espetáculo sangrento que vai começar. Por sua vez, no estádio, cristãos incógnitos, misturados entre os pagãos, esperam, horrorizados, que um milagre salve o religioso. Os leões estão famintos e excitados com o sangue já derramado na arena. O bispo Inácio de Antioquia, sereno, esperava sua hora pronunciando com fervor o nome do Cristo. 

Foi graças a Inácio que as palavras cristianismo e Igreja Católica surgiram. Era o início dos tempos que mudaram o mundo, próximo do ano 35 da era cristã, quando ele nasceu. Segundo os estudiosos, não era judeu e teria sido convertido pela primeira geração de cristãos, os apóstolos escolhidos pelo próprio Jesus. Cresceu e foi educado entre eles, depois sucedeu Pedro no posto de bispo de Antioquia, na Síria, considerada a terceira cidade mais importante do Império Romano, depois de Roma e Alexandria, no Egito. Gostava de ser chamado Inácio Nurono. Inácio deriva do grego "ignis", fogo, e Nurono era nome que ele mesmo dera a si, significando "o portador Deus". Desse modo viveu toda a sua vida: portador de Deus que incendiava a fé.

Mas sua atuação logo chamou a atenção do imperador Trajano, que decretou sua prisão e ordenou sua morte. Como cristão, deveria ser devorado pelas feras para diversão do povo ávido de sangue. O palco seria o recém-construído Coliseu.

A viagem de Inácio, acorrentado, de Antioquia até Roma, por terra e mar, foi o apogeu de sua vida e de sua fé. Feliz por poder ser imolado em nome do Salvador da humanidade, pregou por todos os lugares por onde passou, até no local do martírio. Sua prisão e condenação à morte atraiu todos os bispos, clérigos e cristãos em geral, de todas as terras que atravessou. Multidões juntavam-se para ouvir suas palavras. Durante a viagem final, escreveu sete cartas que figuram entre os escritos mais notáveis da Igreja, concorrendo em importância com as do apóstolo Paulo. Em todas faz profissão de sua fé, e contêm ensinamentos e orientações até hoje adotados e seguidos pelos católicos, como ele tão bem nomeou os seguidores de Jesus.

Numa dessas cartas, estava o seu especial pedido: "Deixai-me ser alimento das feras. Sou trigo de Deus. É necessário que eu seja triturado pelos dentes dos leões para tornar-me um pão digno de Cristo". Fazia-o sabendo que muitos de seus companheiros poderiam influenciar e conseguir seu perdão junto ao imperador. Queria que o deixassem ser martirizado. Sabia que seu sangue frutificaria em novas conversões e que seu exemplo tocaria o coração dos que, mesmo já convertidos, ainda temiam assumir e propagar sua religião.

Em Roma, uma festa que duraria cento e vinte dias tinha prosseguimento. Mais de dez mil gladiadores dariam sua vida como diversão popular naquela comemoração pela vitória em uma batalha. Chegada a vez de Inácio, seus seguidores e discípulos esperavam, ainda, o milagre.

Que não viria, porque assim desejava o bispo mártir. Era o dia 17 de outubro de 107, sua trajetória terrena entrava para a história da humanidade e da Igreja.

Homilia Diária

A lei de Deus é sempre para o bem do ser humano
No evangelho de hoje, de Lucas 11,42-46, Jesus nos ensina o grande dom da humildade.
No anúncio que fez do Reino, ele jamais se calou diante da hipocrisia de muitos dos seus ouvintes.
Lemos hoje que Jesus não quer que os mandamentos que Deus havia confiado a Moisés sejam desrespeitados.
Ao contrário, dirige-se àqueles que conhecem muito bem os mandamentos. Ele quer que todos descubram o verdadeiro fundamento da lei de Moisés.
Infelizmente, existem algumas pessoas que procuram praticar as regras apenas exteriormente, mas se descuidam da justiça e do amor de Deus.
Com suas palavras, podemos entender que Jesus nos convida a viver a profundidade dos mandamentos.
A lei de Deus é sempre para o bem do ser humano que procura viver no amor e na justiça. Não praticar isso significa também não observar a lei de Moisés.
Assim, precisamos repensar a nossa maneira de viver a religião. Não podemos vivê-la na superficialidade, apenas seguindo normas e preceitos. Também não podemos sobrecarregar o povo com normas que nem nós cumprimos.
Todos nós conhecemos a Palavra de Deus, sabemos quais são as normas e os preceitos que Deus nos deixou. Mas precisamos passar disso.
Não podemos achar que somos os privilegiados e, portanto, nos considerar justos quase que por direito e que não precisamos cumprir com nenhuma norma.
Se fizermos assim, nós mesmos nos tornamos a norma em si e passamos a obrigar os outros a praticar uma lei que é a nossa imagem e semelhança.
Peçamos ao Senhor que nos ensine a ser homens e mulheres verdadeiramente retos e coerentes com o que tivermos que fazer. Assim, chegaremos a viver com maturidade todos os nossos atos e seremos abençoados por Deus em todas as nossas atividades.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Homilia Diária

A crítica de Jesus durante uma refeição
No contesto de uma refeição na casa de um fariseu, o evangelho de hoje, de Lucas 11,37-41, coloca de maneira surpreendente uma série de investidas duríssimas contra alguns fariseus e escribas que queriam perseguir Jesus.
A ocasião se apresenta quando Jesus, antes de se sentar à mesa de um fariseu, não realiza as purificações rituais.
Certamente, toda e qualquer religião tem seus ritos. Os ritos são gestos que refletem e favorecem o encontro do homem e da mulher com Deus que se faz presente na história.
Qualquer rito, porém, corre o risco de se tornar algo absoluto. Formalizando o gesto exterior pode-se esquecer da importância decisiva do coração. É por isso que Jesus diz: “Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades”.
Alguns fariseus, exteriormente, reconhecem o dom de Deus, inclusive nas pequenas coisas. Na realidade, porém, no seu íntimo existe o engano em vez da glória de Deus e ele se torna duro com os irmãos. Assim é que substituem a misericórdia de Deus pela pretensão de que eles não pecam.
Ao invés de colocar Deus e o seu amor no seu coração, colocam a si mesmos e praticam o amor à sua própria imagem.
A uma luminosidade exterior, fátua, Jesus coloca no lugar a luz do dom de si e da misericórdia que vem de dentro de um coração que se sente tomado pelo dom.
Paulo, na sua conversão, abandona todo o seu tesouro de grandeza como imundície, diante da sublimidade do conhecimento da condescendência do seu Senhor.
Peçamos, hoje, ao Senhor a graça de purificar os nossos corações mediante os sacramentos e orações que possam limpar o nosso interior. Aprendamos a apreciar nas outras pessoas o que elas têm de belo em suas almas e não tanto a fealdade ou a sujeira de quem se encontra ao nosso lado.
É assim que nós passaremos das críticas ao perdão, à misericórdia e ao amor tal qual nos foi ensinado por Jesus.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Homilia Diária

Ainda precisamos do sinal da cruz
O evangelho de hoje é tirado de Lucas 11,29-32. Jesus se pergunta com o que poderá comparar a sua geração. Seus conterrâneos veem milagres, mas não conseguem ver quem os realiza.
Para muitas pessoas, Deus deve manifestar-se constantemente para todos, pois somente assim o mundo poderá crer.
Essas pessoas querem uma demonstração evidente da existência de Deus e da sua presença no nosso dia a dia, porém o Evangelho de hoje nos mostra que assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, Jesus é um sinal para nós, e Jonas foi um sinal para os ninivitas apenas por suas palavras, que os ninivitas ouviram e creram.
Deste modo, Jesus é um sinal para nós por sua palavra e é nela que devemos crer e não ficar exigindo que ele fique realizando “milagres” para que fundamentemos a nossa fé.
Por que somos assim? Porque desejamos segurança, certezas. Queremos ter diante dos olhos uma prova, um milagre. Todos os dias são ocasião para buscar que precisamos ou para encontrá-lo, para contemplá-lo, porque já temos tudo.
Jesus, cravado na cruz, é o grande sinal de que precisamos. A prova de um amor incondicional e desinteressado, um amor que se entrega até ao extremo de dar a vida pelos amigos.
O crucificado nos faz ver o milagre mais extraordinário que já existiu: o do amor que se demonstra na dor. Basta que o contemplemos com mais atenção para que tenhamos a plena segurança para a nossa vida: a de saber-nos e nos sentir profundamente amados.
Esse sinal é também um convite. Jesus nos convida a nos converter em sinais para o nosso próximo. Que quando as pessoas nos virem agir, saibam e acreditem que existe o amor. Que, pelo nosso modo de viver, tenham segurança de que vale a pena ser seguidor do homem que aparentemente foi derrotado na cruz.
Para ser sinais, provas vivas, é preciso aprender como Cristo a subir na cruz. Nela está o sinal do amor.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Homilia Diária

Pedi, e recebereis!
A partir da oração que Jesus nos ensinou ontem, ou seja, o Pai Nosso, o evangelho de hoje, de Lucas 11,5-13, coloca o acento na eficácia da oração. Esta deve ser feita naturalmente, mas com constante insistência.
O texto explicita isso através de duas simples parábolas. A primeira é a daquele que se coloca diante da casa de um amigo à meia-noite para pedir-lhe pão.
A meia-noite é a hora da necessidade mais aguda e da suma improbabilidade de ser ouvido. Porém, coloca-se lá porque sabe que vai conseguir, apesar das dificuldades, que o amigo o ajude porque é seu amigo.
O pão da vida é Jesus, e é sempre como nosso amigo que podemos contar com ele.
A segunda parábola aprofunda o tema da paternidade. Jesus define o que é ser pai. “Qual pai entre vós, pergunta Jesus, se o filho lhe pede um peixe lhe dará uma cobra?”.
Isso é inconcebível. Pois bem, Pai é aquele que está disposto a escutar e a acolher o pedido e a súplica de quem pede com insistência.
No evangelho de Lucas, Jesus se pergunta se os pais da terra se assemelham ou não ao Pai do céu. A semelhança está na maneira como os pais atendem aos pedidos dos seus filhos.
Quando a Deus, nós pedimos que ele nos conceda o grande bem que ele pode e quer nos dar: o seu próprio espírito.
Nós, que somos seus filhos, compartilhamos por graça a vida divina de Jesus. Pedir o Espírito Santo significa pedir santidade e sabedoria, os dons mais preciosos que Deus reserva para nós para tornar a nossa vida mais justa e mais pacífica, ainda neste mundo.
Portanto, a confiança em Deus, que sabemos que é um bom Pai, nos leva a entender que ele já conhece todas as nossas necessidades, antes mesmo que nós as peçamos. É isso que nos dá a garantia de que Deus irá nos conceder o que pedimos.
Por isso, Jesus nos ensina: “pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá”.
Assim, Jesus nos faz passar das necessidades que temos à necessidade que nós somos. Se temos necessidade dos dons de Deus é porque temos necessidade do infinito.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Homilia Diária

Maria escolheu a melhor parte
No evangelho de Lucas 10,38-42, que a liturgia proclama hoje, Jesus diz: “Maria escolheu a melhor parte”.
Trata-se de um ensinamento de Jesus para chamar a atenção dos cristãos para uma um outro jeito fundamental do ser cristão.
É o evangelho das duas irmãs, Marta e Maria, que acolheram Jesus em sua casa.
Maria, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Marta, por sua vez, estava toda tomada pelas ocupações, preocupada com as necessidades dos hóspedes. Daí o seu protesto natural e o seu pedido a Jesus que lhe desse uma mão convencendo Maria a ajudá-la.
Jesus responde de modo forte, mas também compreensivo: “Marta, Marta, tu te preocupas com tantas coisas, mas Maria escolheu a melhor parte”.
Na verdade o trabalho de Marta não é desprezado ou condenado por Jesus. No entanto, ele quer mostrar que existe uma hierarquia de valores. Se de fato começarmos a ser dispersivos, como Marta, por causa de poucas coisas, mesmo que necessárias, dificilmente encontraremos o equilíbrio da vida.
Não é possível ter olhos cristãos se eles não estão imersos na luz de Deus: “na tua luz, veremos a luz”.
Não se pode ter um coração cristão se esse coração não aprendeu a vibrar pela palavra de Deus no silêncio da contemplação e da oração.
A palavra de Jesus é a primeira obra de misericórdia do Pai para todos os seus filhos. Por isso, os discípulos dizem: “não é justo que nos descuidemos da Palavra de Deus para servir as mesas”, e ainda: “não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”.
Como conclusão é bonito ouvir o que Santo Agostinho colocou na boca de Jesus para Marta: “tu estás navegando, mas Maria já está no porto!”.
Que nós, hoje, recebamos Jesus em nossa casa e ouçamos sua Palavra, para nos transformá-la em obras de misericórdia.

domingo, 7 de outubro de 2012

Homilia Diária

Não sou fã do divórcio!
Vamos ser claros: não sou a favor do divórcio, apesar de que nunca tenha me casado! Mas parece-me que hoje os que se opõem ao divórcio estão fora de moda. Quem está fora de moda são aqueles que, como eu, ainda acreditam no valor do matrimônio.
Esses são os que acreditam que o evangelho deste XXVII Domingo do Tempo Comum, tirado de Marcos 10,2-16, não seja apenas para o povo do tempo de Jesus, mas principalmente para o nosso.
Na verdade, vivemos uma incerteza tal sobre o matrimônio que se declararmos que somos abertamente contra o divórcio corremos o risco de ser ridicularizados. O próprio Jesus é da mesma opinião.
Contudo, existe uma diferença: ele pensa assim porque a realidade do amor não pode ser tão desvalorizada e a realidade do matrimônio é o amor, o amor verdadeiro. E como toda coisa verdadeira, o matrimônio não pode acabar.
Então, é preciso que nos perguntemos sobre aquela afirmação de que “os dois serão uma só carne”. Jesus coloca o acento sobre o futuro, mas parece que hoje não há espaço ao futuro.
Nós vivemos tudo no já e no agora. Se você tem 15, 17 ou 20 anos, conhece a primeira ou o primeiro e se apaixona loucamente. Logo correm para a cama pensando que fossem amantes para toda a vida. Porém, pensando melhor, a realidade dos fatos é bem diferente.
Jovens, será que vocês pensam no futuro quando começam a namorar? Pensem: e se essa pessoa não for aquela que será uma só carne com você? É como se jogasse as melhores cartas antes mesmo de ter aprendido as regras do jogo.
Da mesma forma, a sexualidade se torna como beber um copo d’água. Assim, o que é mais importante se torna uma realidade transitória. Então, quando as coisas não correm do jeito que esperávamos, a saída é o divórcio.
Nós somos filhos de uma geração free, que teve como lema de vida o “tudo e agora”, que deve ser transmitido às outras gerações desde pequeninos.
No entanto, está escrito que “os dois serão uma só carne”. Uma só e não uma só com aquele, uma só com aquele outro, uma outra só com esta outra. E de tentativa em tentativa se pensa que assim se aprende a amar e se pratica um amor que não tem compromisso com nada.
Jesus é o Senhor da vida, mas não de uma vida como aquela que se parece com uma propriedade que Deus não tem vez, e que, se ele quiser entrar, não deve jamais passar do umbral da porta da sexualidade e é melhor que fique fora do matrimônio porque a Igreja jamais compreendeu ou entenderá o matrimônio.
Porém, não é assim. Todo o ensinamento da Igreja está baseado na Palavra de Deus: o homem não separe aquilo que Deus uniu. Se Deus uniu e nós dividimos é porque estamos divididos em nós mesmos sobre as questões morais: ao verdadeiro bem nós substituímos por: “eu penso assim”. Ao que é correto nós substituímos por: “todos fazem assim”.
Não é por acaso que Jesus fique indignado com os seus discípulos logo em seguida e diga para eles que deixem que que as crianças se aproximem dele. Ele diz isso porque as crianças são o fruto verdadeiro do amor verdadeiro. E são eles que motivam essa “só carne”.
Jesus precisa de jovens novos que saibam ser, por assim dizer, “transgressores”, isto é, capazes de dizer “não” à mentalidade deste mundo, fazendo escolhas de verdadeira castidade, que seja capaz de transformar o encontro entre duas pessoas em uma só carne.
O slogan de uns tempos atrás dizia que era proibido proibir. Porém, Jesus hoje está nos pedindo para dizer com força e sem vergonha  não a esse modo atual de entender o matrimônio e a sexualidade. Se tivermos fé, Deus se unirá a nós e unirá a todos nós.
Caros irmãos e irmãs, acordem e recuperem a própria dignidade. Não queremos ver ninguém chorando no futuro. O verdadeiro sonho das pessoas se realiza numa família com F maiúsculo. Que vocês sejam jovens novos e não velhos e sejam grandes desde agora.

sábado, 6 de outubro de 2012

Homilia Diária

Um estágio cujo resultado foi um sucesso
Na primeira parte do evangelho de hoje, de Lucas 10,17-24, Jesus recebe os discípulos depois de eles terem realizado uma jornada missionária: “Eu vos dei o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo. E nada vos poderá fazer mal. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem”.
Porém, notemos a alegria dos discípulos depois de um estágio tão cheio de sucesso. Os demônios os temem, eles curam leprosos, fazem com que os paralíticos voltem a andar, fazem os cegos recuperar a vista, etc.
Tudo perfeito em alguns dias dedicados à missão. Como muitos de nós que no final de semana nos alegramos porque tivemos sucesso nos estudos, fizemos o bem a alguém, recebemos o salário, engolimos aquela palavra que gostaríamos de dizer para uma pessoa que nos fez o mal ou as vendas da nossa loja aumentaram. São tantas coisas boas que nos aconteceram.
Ficamos contentes, como os discípulos, porque as coisas saíram como nós queríamos. Sim. Nós devemos nos alegrar.
A satisfação pelo dever cumprido é tanto agradável quanto necessária. É com o dever cumprido que ganhamos o céu. Este é o motivo principal pelo qual devemos nos alegrar. Saber que agimos de tal forma que nossos nomes foram inscritos no reino dos céus.
Sabendo os motivos de nossa verdadeira alegria, nós também descobrimos que é só crendo em Cristo, permanecendo unidos a ele, nós poderemos continuar sua ação permanente na história.
É por isso que devemos descobrir que a nossa alegria nunca é completa se não vier de Jesus. A fé em Jesus nos leva a segui-lo nas mais simples ações que realizamos no dia a dia.
Descobrir-nos em Cristo é como se tivéssemos encontrado o tesouro que buscávamos em nossa vida.
Guardemos este tesouro e não permitamos que os ladrões da vaidade, da avareza e do egoísmo o tomem de nós.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Homilia Diária

Jesus tem pena dos que rejeitam a salvação
No evangelho de hoje, de Lucas 10,13-16, Jesus diz que algumas cidades de Israel viram os milagres, mas não acreditaram nos sinais feitos por Deus e não se converteram.
O próprio Jesus experimentou a rejeição, mas neste episódio tem pena daqueles que rejeitam a salvação que ele oferece.
Por isso, diz que o julgamento de Corazim, Betsaida e Cafarnaum será extremamente rigoroso, mais que julgamento reservado às cidades pagãs.
Corazim, Betsaida e Cafarnaum rejeitaram o evangelho anunciado pelos setenta e dois discípulos. Essas cidades representam todas as nações da terra às quais Deus envia os seus missionários para proclamar o nome de Cristo.
Pensemos no anúncio do evangelho que hoje se faz no Brasil. Se formos fazer uma análise bem cuidadosa, veremos que existem pessoas que vivem aparentemente de maneira profunda a própria religião, mas não possuem fé.
Esse tipo de pessoa faz da religião um ritualismo e um cumprimento de preceitos. Na verdade, conhece todos os seus dogmas, doutrinas e normas morais, porém não se sentem interpelados por Deus para uma mudança de vida tanto em âmbito pessoal como comunitário.
Esse tipo de pessoa, como diz o profeta Isaías, louva a Deus com os lábios, mas seu coração está longe dele, porque na verdade não compreendeu que Deus é amor.
O coração que se aproxima de Deus é o coração que é capaz de amar, não com romantismo, mas com compromisso de solidariedade, de busca de libertação, de luta contra a exclusão. Este é o verdadeiro amor, e esta é a verdadeira conversão.
O profeta dos nossos dias é todo o cristão batizado. O cristão é aquele que propõe ao mundo, com as palavras e com a vida, a verdade do evangelho.
Pode acontecer que seja rejeitado ou mesmo perseguido, mas jamais fugirá à nossa responsabilidade.
No mundo existem cidades como Corazim, Betsaida e Cafarnaum. Deus realiza tantas maravilhas entre os homens, mas já se tornou esquecido da maioria das pessoas.
Precisamos levar a todos o desejo de se converter, amar mais a vida, respeitar os direitos das pessoas, praticar mais a justiça.
É dessa forma que nos anteciparemos a Cristo para que ele possa realizar aquilo que nós, com nossas forças não conseguimos realizar.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Santo do Dia

São Francisco de Assis

Filho de comerciantes, Francisco Bernardone nasceu em Assis, na Umbria, em 1182. Nasceu em berço de ouro, pois a família tinha posses suficientes para que levasse uma vida sem preocupações. Não seguiu a profissão do pai, embora este o desejasse. Alegre, jovial, simpático, era mais chegado às festas, ostentando um ar de príncipe que encantava.

Mas mesmo dado às frivolidades dos eventos sociais, manteve em toda a juventude profunda solidariedade com os pobres. Proclamava jamais negar uma esmola, chegando a dar o próprio manto a um pedinte por não ter dinheiro no momento. Jamais se desviou da educação cristã que recebeu da mãe, mantendo-se casto.

Francisco logo percebeu não ser aquela a vida que almejava. Chegou a lutar numa guerra, mas o coração o chamava à religião. Um dia, despojou-se de todos os bens, até das roupas que usava no momento, entregando-as ao pai revoltado. Passou a dedicar-se aos doentes e aos pobres. Tinha vinte e cinco anos e seu gesto marcou o cristianismo. Foi considerado pelo papa Pio XI o maior imitador de Cristo em sua época.

A partir daí viveu na mais completa miséria, arregimentando cada vez mais seguidores. Fundou a Primeira Ordem, os conhecidos frades franciscanos, em 1209, fixando residência com seus jovens companheiros numa casa pobre e abandonada. Pregava a humildade total e absoluta e o amor aos pássaros e à natureza. Escreveu poemas lindíssimos homenageando-a, ao mesmo tempo que acolhia, sem piscar, todos os doentes e aflitos que o procuravam. Certa vez, ele rezava no monte Alverne com tanta fé que em seu corpo manifestaram-se as chagas de Cristo.

Achando-se indigno, escondeu sempre as marcas sagradas, que só foram descobertas após a sua morte. Hoje, seu exemplo muito frutificou. Fundador de diversas ordens, seus seguidores ainda são respeitados e imitados.

Franciscanos, capuchinhos, conventuais, terceiros e outros são sempre recebidos com carinho e afeto pelo povo de qualquer parte do mundo.

Morreu em 4 de outubro de 1226, com quarenta e quatro anos. Dois anos depois, o papa Gregório IX o canonizou. São Francisco de Assis viveu na pobreza, mas sua obra é de uma riqueza jamais igualada para toda a Igreja Católica e para a humanidade. O Pobrezinho de Assis, por sua vida tão exemplar na imitação de Cristo, foi declarado o santo padroeiro oficial da Itália. Numa terra tão profundamente católica como a Itália, não poderia ter sido outro o escolhido senão são Francisco de Assis, que é, sem dúvida, um dos santos mais amados por devotos do mundo inteiro.

Assim, nada mais adequado ter ele sido escolhido como o padroeiro do meio ambiente e da ecologia. Por isso que no dia de sua festa é comemorado o "Dia Universal da Anistia", o "Dia Mundial da Natureza" e o "Dia Mundial dos Animais". Mas poderia ser, mesmo, o Dia da Caridade e de tantos outros atributos. A data de sua morte foi, ao mesmo tempo, a do nascimento de uma nova consciência mundial de paz, a ser partilhada com a solidariedade total entre os seres humanos de boa vontade, numa convivência respeitosa com a natureza.

Homilia Diária

O cristão deve preparar o caminho para Jesus
Hoje, celebramos São Francisco de Assis.
Nós meditamos sobre o evangelho de Lucas 10,1-12. Lucas fala que Jesus escolheu outros setenta e dois discípulos, que não eram os Apóstolos, e os enviou à sua frente aos lugares onde ele deveria ir.
Com isso, o evangelista quis mostrar que a obra evangelizadora da Igreja não é uma atividade exclusiva dos que pertencem à sua hierarquia, mas é compromisso de todos os que lhe pertencem, que são Igreja, porque todos são, pela graça do batismo, operários da messe do Senhor.
De um modo especial, os leigos e as leigas estão sujeitos às ameaças do mundo. Por isso, são enviados como cordeiros no meio de lobos, uma vez que irão testemunhar, no meio do mundo, os valores que não são do mundo, despertando para si o ódio do mundo, que rejeita o Reino de Deus que é anunciado.
Mas não os envia com meios poderosos, mas como cordeiros entre lobos, sem bolsa, nem cajado, nem sandálias.
Em uma de suas homilias, São João Crisóstomo comenta: sempre que somos cordeiros, temos o poder de vencer e ainda que estejamos rodeados de muitos lobos, conseguiremos derrotá-los.
Mas se nos convertermos em lobos, seremos derrotados, porque nos faltará a ajuda do pastor.
O evangelho de hoje nos ensina que nós cristãos não devemos jamais ceder à tentação de nos convertermos em lobos. O reino de paz de Cristo não terá lugar no mundo se for implantado pelo poder, pela força, pela violência, mas com a doação, com o amor levado ao extremo, também aos inimigos.
Jesus não vence o mundo com a força das armas, mas com a força da cruz, que é a verdadeira garantia da vitória. E isso tem como consequência, para quem quiser ser discípulo de Jesus, seu enviado, que deve estar preparado para a paixão e para o martírio, para perder a própria vida por ele, para que no mundo triunfe o bem, o amor, a paz.
Esta é a condição para poder dizer, entrando em toda a realidade: “paz a esta casa!”. A missão do cristão, portanto, hoje é a de preparar o caminho para que Jesus possa ser senhor da história e senhor dos corações das pessoas.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Homilia Diária

O seguidor de Jesus é alguém livre
O evangelho de hoje é tirado de Lucas 9,57-62. Lucas fala do seguimento de Jesus.
Três pessoas se dispõem a seguir Jesus, porém à primeira Jesus diz que não tem sequer onde reclinar a cabeça.
À segunda que coloca como condição para segui-lo enterrar antes o seu pai, Jesus diz: “deixa que os mortos enterrem seus mortos”.
À terceira, que pede que primeiro possa se despedir dos seus familiares, Jesus responde: “Quem põe a mão no arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus”.
Este evangelho quer dizer que para seguir Jesus é preciso que a pessoa se empenhe o máximo, pois o seguimento de Jesus não admite distrações. Em outras palavras, é algo que precisa do nosso tempo pleno.
Jesus é um mestre diferente dos outros. A adesão a ele não é a mesma coisa que sentar-se com ele junto a uma mesa, mas é andar com ele, fazendo o que ele fez.
Há quem confunda que seguir Jesus signifique ser um repetidor doutrinário ou de versículos da Bíblia.
Porém, se Jesus chama é porque quer pessoas capazes de assumir o seu projeto como algo próprio.
No horizonte do projeto de Jesus está o Reino de Deus. O seguidor de Jesus fundamenta a própria existência nesse Reino e procura fazer da esperança da sua realização o motor propulsor da própria vida.
O verdadeiro discípulo, portanto, se entrega de corpo e alma, com tudo o que se é e que se tem, na luta em prol da plena realização do Reino, renunciando a todas as conquistas humanas e a todas as formas de segurança que este mundo pode oferecer.
Assim, o seguidor de Jesus verá que se torna totalmente livre de todos os apegos deste mundo para amar a Deus de forma total e exclusiva e fazer desse amor a grande motivação em prol da própria felicidade e da felicidade do próximo.
Os verdadeiros discípulos de Jesus deixam as pessoas fascinadas pelo seu exemplo de vida e pela paz que vem de dentro do próprio coração.
Também hoje, são muitos os chamados, mas são poucos aqueles que têm a coragem de responder com generosidade e solicitude.
Que este evangelho seja motivo de oração por todos aqueles que ouvem o Senhor bater na porta do próprio coração e que ainda não tiveram a coragem de assumir os valores do evangelho para torná-los realidade no mundo.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Homilia Diária

Os anjos nos apontam para o Reino dos céus
Hoje, celebramos os Santos Anjos da Guarda e meditamos sobre o evangelho de Mateus 18,1-5.10.
O evangelho da comemoração dos anjos da guarda vem a calhar em uma semana litúrgica na qual o próprio Jesus nos fala dos pequenos e simples.
O convite à humildade e ao serviço para com os irmãos não é somente uma norma para reger o comportamento. Na festa dos anjos da guarda, esse convite assume um significado bem preciso.
Para entender o que significa a humildade nós precisamos sair da contemplação do normal para entrar na contemplação de Deus. É a contemplação à qual todos seremos chamados, quando pertencermos à fileira dos santos.
Ser chamados à contemplação da face de Deus significa hospedar-nos no próprio coração de Deus e viver no seu amor eterno. Para nós, servem de exemplo os anjos e os santos que já entraram no próprio mistério de Deus.
Os anjos, mensageiros de Deus, são aqueles que nos guardam para que a nossa vida seja constantemente voltada para o Senhor. Os anjos, criaturas espirituais, nos indicam o Reino dos céus, ao qual pertenceremos na Ressurreição final dos corpos.
Para Jesus uma só coisa é necessária para contemplarmos a Deus: que nós nos tornemos pequenos. Ser pequeno quer dizer deixar-se tomar pela mão para ser colocado na roda da vida guiado pela presença segura do amor.
Quem assim vive descobre que quem o toma pela mão é Cristo. Por isso, buscamos a santidade, que se encarna e acontece quando praticamos a caridade e o amor.
Contemplar o rosto de Deus significa descobrir o destino de glória, mas também é o percurso que nos leva, sobre a terra, a essa grande meta que hoje pertence aos anjos.
O chamado à santidade não é apenas um ideal que pode ser alcançado por alguns eleitos, mas é a constante e contínua resposta por conversão verdadeira dos corações por reconhecer nos irmãos que precisam de nossa ajuda a antecipação da glória que nos espera.
Que na festa dos anjos da guarda nós sejamos verdadeiros anjos para os nossos filhos, nossos pais e todos aqueles que precisam de ajuda. É neles que contemplamos o rosto de Deus.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Santo do Dia

Santa Terezinha do Menino Jesus (de Lisieux)

A vida da santa Teresa de Lisieux, ou santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, seu nome de religiosa e como o povo carinhosamente a prefere chamar, marca na história da Igreja uma nova forma de entregar-se à religiosidade. No lugar do medo do "Deus duro e vingador", ela coloca o amor puro e total a Jesus como um fim em si mesmo para toda a existência eterna. Um amor puro, infantil e total, como deixaria registrado nos livros "Infância espiritual" e "História de uma alma", editados a partir de seus escritos. Sua vida foi breve, mas plena de dedicação e entrega. Morreu virgem como Maria, a Mãe que venerava, e jovem como o amor que vivenciava a Jesus, pela pura ação do Espírito Santo. 

Teresinha nasceu em Alençon, na França, em 2 de janeiro de 1873. Foi batizada com o nome de Maria Francisca Martin e desde então destinada ao serviço religioso, assim como suas quatro irmãs. Os pais, quando jovens, sonhavam em servir a Deus. Mas circunstâncias especiais os impediram e a mãe prometeu ao Senhor que cumpriria seu papel de genitora terrena, mas que suas filhas trilhariam o caminho da fé. E assim foi, com entusiasmada aceitação por parte de Teresinha desde a mais tenra idade. 

Caçula, viu as irmãs mais velhas, uma a uma, consagrando-se a Deus até chegar sua vez. Mas a vontade de segui-las era tanta que não quis nem esperar a idade correta. Aos quinze anos, conseguiu permissão para entrar no Carmelo, em Lisieux, permissão concedida especial e pessoalmente pelo papa Leão XIII. 

Ela própria escreveu que, para servir a Jesus, desejava ser cavaleiro das cruzadas, padre, apóstolo, evangelista, mártir... Mas ao perceber que o amor supremo era a fonte de todas essas missões, depositou nele sua vida. Sua obra não frutificou pela ação evangelizadora ou atividade caritativa, mas sim em oração, sacrifícios, provações, penitências e imolações, santificando o seu cotidiano enquanto carmelita. Essa vivência foi registrada dia a dia, sendo depois editada, perpetuando-se como livro de cabeceira de religiosos, leigos e da elite dos teólogos, filósofos e pensadores do século XX. 

Teresinha teve seus últimos anos consumidos pela terrível tuberculose, que, no entanto, não venceu sua paciência com os desígnios do Supremo. Morreu em 1° de outubro de 1897, com vinte e quatro anos, depois de prometer uma chuva de rosas sobre a Terra quando expirasse. Essa chuva ainda cai sobre nós, em forma de uma quantidade incalculável de graças e milagres alcançados através de sua intervenção em favor de seus devotos. 

Teresa de Lisieux foi beatificada em 1923 e canonizada em 1925 pelo papa Pio XI. Ela, que durante toda a sua vida teve um grande desejo de evangelizar e ofereceu sua vida à causa missionária, foi aclamada, dois anos depois, pelo mesmo pontífice, como "padroeira especial de todos os missionários, homens e mulheres, e das missões existentes em todo o universo, tendo o mesmo título de são Francisco Xavier". Esta "grande santa dos tempos modernos" foi proclamada doutora da Igreja pelo papa João Paulo II em 1997. 

Homilia Diária

A verdadeira grandeza é acolher Jesus
O evangelho de hoje é tirado de Lucas 9,46-50. Jesus quanto quer tornar mais incisivo o seu ensinamento, recorre frequentemente a sinais e parábolas, para levar seus ouvintes a refletir mais profundamente.
Na disputa entre os discípulos para saber quem deles seria o maior, Jesus responde com um gesto muito eficaz. Pega uma criança, coloca-a no meio deles e pronuncia o seu ensinamento: “quem acolhe uma criança em meu nome é a mim que acolhe; e quem me acolhe, acolhe aquele que me enviou. Porque o menor entre todos vós, este será o maior”.
O ser grande para Jesus está identificado com a simplicidade e a inocência de uma criança e com a capacidade de acolhê-lo.
O exemplo é de fato muito tocante, porque frequentemente nós ficamos fascinados pela nossa mania de querer ser grandes. Então, precisamos aprender que o “o menor” é de fato o maior aos olhos de Deus.
Devemos, então, concluir que, para ser grandes, é preciso ser capazes de amar e de servir os outros com uma doação total. É preciso dotar-nos da virtude da humildade, que nos torna simples como crianças.
Na última ceia, Jesus ofereceu um exemplo luminoso de grandeza aos discípulos: prostrou-se diante de todos para lavar-lhes os pés, como faz o escravo com o seu senhor. Depois, proferiu a sentença: “Se, portanto, eu, o Senhor e Mestre, lavei os vossos pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que assim como eu fiz, também vós o façais”.
Numa outra oportunidade, ele nos dará a medida mais sublime do amor que é dom da vida. A humildade do coração e a simplicidade das crianças nos libertam também dos ciúmes absurdos, como a do evangelho de ontem, que alimenta João diante do homem que expulsa demônios em nome de Jesus sem ser seu discípulo.
Jesus conclui: “Não o impeçais, porque quem não está contra nós é a nosso favor”. Provavelmente, o exorcista apenas tinha ouvido e levado a sério o que Jesus tinha afirmado: “Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, o Pai do céu vo-lo concederá”.